Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, foi denunciado pelo MP por participar de esquema de corrupção na estatal (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2014 às 13h40.
São Paulo - O Ministério Público protocolou, neste domingo, denúncia contra o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Baiano e Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal, por desvios na estatal.
Segundo o MP, entre 2006 e 2012, os quatro se envolveram em crimes de corrupção, contra o sistema financieiro e de lavagem de capitais.
Se a Justiça acatar a denúncia, Cerveró responderá por dois atos de corrupção e 64 atos de lavagem de dinheiro; Baiano, pela prática de dois atos de corrupção e 64 atos de lavagem de dinheiro; Júlio Camargo, pela prática de dois atos de corrupção, de sete crimes financeiros e de 64 atos de lavagem de dinheiro; e Alberto Youssef, pela prática de 17 atos de lavagem de dinheiro.
O Ministério Público pediu, ainda, o ressarcimento aos cofres públicos no valor de aproximadamente R$ 296 milhões.
O esquema
Segundo a denúncia, em 2006, Cerveró, que era diretor da área internacional da Petrobras, e o lobista Fernando Baiano acertaram com Julio Camargo, da Toyo Setal o pagamento de propinas no valor de 15 milhões de dólares.
O objetivo era viabilizar a contratação de um navio-sonda que seria usado com o estaleiro Samsung Heavy para perfuração de águas profundas na África.
Após as negociações e com a promessa de propina, o então diretor teria acertado tudo para que a contratação do navio-sonda fosse de fato efetivada. Fernando Baiano passou a receber a propina acertada e a repassar uma parte a Cerveró.
O esquema teria se repetido de forma parecida no ano seguinte.
Julio Camargo teria recebido 40 milhões de dólares da Samsung para repassar a Baiano e Cerveró, além de 13 milhões de dólares que ficaram para ele por ter viabilizado os negócios.
Denúncias
Na semana passada, o Ministério Público já havia denunciado 36 pessoas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras, inclusive o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e 23 pessoas ligadas às empresas Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC.
Veja detalhes de como funcionava o esquema.