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MP de São Paulo ouve 'controlador de propina' da Odebrecht

Os promotores queriam obter de Mascarenhas mais provas em cinco ações de improbidade administrativa e um caso criminal

ODEBRECHT (Guadalupe Pardo/Reuters)

ODEBRECHT (Guadalupe Pardo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de março de 2018 às 11h07.

São Paulo - O Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo retomou as tratativas para fechar dois novos acordos de leniência com a Odebrecht. A Promotoria ouviu nesta quinta-feira, 22, o depoimento de Hilberto Mascarenhas, responsável pelo Setor de Operações Estruturadas (SOE), o departamento de propina da empreiteira.

Os promotores queriam obter de Mascarenhas mais provas em cinco ações de improbidade administrativa e um caso criminal que envolvem o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, atual ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, seu ex-secretário de Controle Urbano, Orlando Almeida Filho, o deputado federal Rodrigo Garcia (DEM-SP) e diretores da Dersa que teriam recebido propina durante a realização de obras do Rodoanel.

"Ele (Mascarenhas) explicou como funcionava o SOE, como era planejado o caixa 2 e como eram feitos os pagamentos, se no Brasil ou no exterior. Contou ainda quem autorizava os pagamentos e os codinomes e senhas usados pela empresa nessas operações", afirmou o promotor José Carlos Blat, um dos responsáveis por investigar os casos relacionados à Lava Jato no MPE. De acordo com ele, Mascarenhas confirmou aos promotores o que ele havia relatado ao Ministério Público Federal quando fechou o acordo de delação homologado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No caso de Kassab, o MPE acusa o ministro de improbidade administrativa porque supostamente recebeu R$ 21 milhões da empreiteira. O dinheiro teria sido pago em razão de obras, como o túnel da Avenida Roberto Marinho, na zona sul. No caso de Garcia, os promotores apuram dois supostos pagamentos de R$ 100 mil que o deputado teria recebido para sua campanha em 2010. Almeida é investigado pelo suposto recebimento de R$ 6 milhões.

Defesas

A assessoria de Kassab informou que "o ministro não tem ciência dos fatos mencionados". "Como já afirmou, entende que, na vida pública, as pessoas estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário, e ressalta sua tranquilidade e confiança na Justiça."

Garcia afirmou que "ao final do inquérito, vai ficar comprovado a lisura da prestação contas da minha campanha em 2010". A Dersa informou que ela e o governo do Estado são "os grandes interessados quanto ao andamento das investigações". A reportagem procurou Almeida Filho, mas não o localizou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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