Brasil

MP da reestruturação ministerial é aprovada; Meio Ambiente e Casa Civil são esvaziados

Governo quer deliberação de deputados ainda nesta quarta; a pressa tem motivo: medida precisa ser aprovada antes do dia 1°, senão perde validade

Esplanada dos Ministérios: governo quer a deliberação do conjunto dos deputados ainda nesta quarta (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)

Esplanada dos Ministérios: governo quer a deliberação do conjunto dos deputados ainda nesta quarta (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 24 de maio de 2023 às 19h07.

Última atualização em 24 de maio de 2023 às 19h24.

A medida provisória que reorganiza os ministérios do governo Luiz Inácio Lula da Silva avançou no Congresso nesta quarta-feira, 24. A comissão mista formada por deputados e senadores aprovou a proposta do relator, Isnaldo Bulhões (MDB-AL). Foram 15 votos a favor e três contra. Agora, a medida será analisada pelo plenário da Câmara.

O governo quer a deliberação do conjunto dos deputados ainda nesta quarta. A pressa tem motivo: a medida precisa de aprovação do Congresso até 1º/6. Caso contrário, perde a validade. Nesse cenário, a estrutura de governo voltaria a ser a do final do governo de Jair Bolsonaro.

O texto aprovado não fala do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mas na prática faz com que ele saia do Ministério da Fazenda e volte para o Banco Central. Há outra medida provisória que tirou o órgão do BC e passou para o Ministério da Fazenda. Essa, porém, não será votada. Havia a expectativa de Isnaldo incluir na medida provisória da reestruturação do governo a mudança do Coaf, o que não aconteceu.

Os congressistas também aprovaram um esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva. O veto do Ibama à busca de petróleo próximo à Foz do Rio Amazonas e declarações dadas pela ministra nos dias seguintes enfureceram setores do mundo político, principalmente congressistas da Região Norte. Um dos mais indignados é Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da comissão mista.

O texto votado pela comissão retira a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Política Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e passa para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. O ministro da pasta é Waldez Góes, filiado ao PDT mas indicado ao cargo por Davi Alcolumbre.

Detalhes

Além disso, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) deixa a área de influência de Marina e vai para o Ministério da Gestão, se Câmara e Senado aprovarem a medida provisória do jeito que saiu da comissão especial. Outro ministério que perde poder com as mudanças feitas na medida provisória é o dos Povos Indígenas. A demarcação de terras sai da pasta e volta para o Ministério da Justiça. Ambas as mudanças são do agrado da bancada ruralista.

Outra vontade da bancada ruralista era alterar as atribuições dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário para que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) voltasse para a pasta da Agricultura. Nesse caso, porém, não houve uma derrota completa para o governo. Da forma como foi aprovado, o texto deixa cada ministério com uma parte das atribuições concernentes à Conab. A parte de garantia de preços mínimos fica com a Agricultura, e os estoques reguladores com o Desenvolvimento Agrário.

Além disso, a proposta que avançou tira a coordenação das atividades de inteligência federal da Casa Civil, comandada por Rui Costa, e devolve ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia transferido a Agência Brasileira de Inteligência do GSI para a Casa Civil depois dos ataques às sedes dos Poderes em 8 de Janeiro.

O relatório aprovado também mantém a autorização para o governo extinguir a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Havia pressão no Congresso para barrar a extinção. Outra medida provisória havia extinguido a estrutura, mas essa não será votada.

Acompanhe tudo sobre:Ministério do Meio AmbienteMinistério da Casa CivilGoverno Lula

Mais de Brasil

Governo de SP assina contrato para compra de 12 mil câmeras corporais para uso da PM estadual

'Se não reverter fluxo, biomas e país estarão ameaçados', diz Flávio Dino

Nunes tem 28%; Boulos, 25,5%, e Marçal 19,7%, em São Paulo, diz pesquisa Futura

TSE e Ministério da Justiça assinam portaria que proíbe PRF de bloquear estradas no dia da eleição