Marielle: para o MP, a morte da ex-vereadora fere o estado democrático de direito (Ricardo Moraes/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 12 de março de 2019 às 09h51.
Última atualização em 12 de março de 2019 às 10h53.
São Paulo — A denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, presos nesta manhã, afirma que a "barbárie contra Marielle Franco" fere o estado democrático de direito.
Os dois detidos são suspeitos, respectivamente, de atirar e conduzir o veículo usado no ataque, que terminou com a morte do motorista Anderson Gomes há um ano.
Em nota, o MP confirmou que uma das conclusões das investigações aponta que a ex-vereadora foi morta por sua atuação política.
“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia do MP, acrescentando que a barbárie praticada na noite de 14 de março de 2018 foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.
Marielle era ativista dos direitos humanos, das mulheres, negros e LGBTs e representava os 46 mil votos que obteve nas eleições de 2016. Ela também lutava contra a violência policial na cidade carioca.
Nesta tarde, o MP carioca fará uma coletiva de imprensa para esclarecer os detalhes envolvendo as investigações da morte da ex-vereadora e de seu motorista.
Nesta madrugada, uma operação conjunta do MP, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil prendeu os dois suspeitos de matar a vereadora e seu motorista.
Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves.
Lessa teria sido o autor dos disparos de arma de fogo e Elcio, o condutor do veículo Cobalt utilizado na execução. O MP informou que o crime foi planejado de forma meticulosa durante os três meses que antecederam os assassinatos.
Além dos mandados de prisão, a Operação Lume cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados para apreender documentos, celulares, computadores, armas, munições e outros objetos. Lessa foi preso em casa, na Barra da Tijuca, no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem casa.