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MP apura pagamento de R$ 30 mil em dinheiro vivo por Flávio Bolsonaro

Senador pagou mobília de apartamento onde morava em espécie; ex-proprietário prestou depoimento aos promotores que investigam o caso

Senador Flávio Bolsonaro: filho do presidente está enrolado com a Justiça (Wilson Dias/Agência Brasil)

Senador Flávio Bolsonaro: filho do presidente está enrolado com a Justiça (Wilson Dias/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 28 de dezembro de 2019 às 18h21.

Última atualização em 28 de dezembro de 2019 às 18h22.

Rio de Janeiro — O Ministério Público do Rio (MP-RJ) apura um pagamento de R$ 30 mil feito pelo senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) em dinheiro vivo para ficar com a mobília do apartamento onde morava com a família até o início deste ano na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O imóvel foi comprado em 2014 pelo valor de R$ 2,55 milhões.

O pagamento em dinheiro vivo consta de um depoimento do proprietário anterior do imóvel ao MP revelado pelo jornal "Folha de S. Paulo" e confirmado pelo GLOBO. De acordo com o empresário David Macedo Neto, o senador fez dez depósitos de R$ 3 mil, entre outubro e novembro de 2014.

A investigação do MP-RJ apura o uso de valores em espécie para lavagem de dinheiro em meio a suspeita da prática de "rachadinha", como é conhecida a devolução de parte dos salários de assessores para parlamentares, no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde foi deputado estadual por quatro mandatos.

De acordo com as investigações, a suspeita é de que Fabrício Queiroz, ex-chefe de segurança de Flávio, coordenava o recolhimento de parte dos salários de funcionários.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transferências de outros oito ex-assessores de Flávio para ele ao longo de 2017. Entre os funcionários, estão sua mulher e duas filhas.

David Macedo Neto foi chamado para depor depois que teve o sigilo fiscal e bancário quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), a pedido do MP, junto com outras 95 pessoas e empresas em abril. Com isso, foram verificados os pagamentos em dinheiro. O MP apura possível lavagem de dinheiro durante as  transações imobiliárias feitas pelo senador.

O uso de dinheiro vivo já fez com que Flávio Bolsonaro fosse alvo de uma comunicação do Coaf. Em 2017, o órgão identificou 48 depósitos no valor de R$ 2 mil ao longo de cinco dias em um caixa de autoatendimento de uma agência bancária localizada dentro da Alerj.

Depois da divulgação do relatório em janeiro deste ano, o senador disse que fez os depósitos dessa forma porque era o limite dos depósitos no caixa e porque recebeu R$ 96 mil em dinheiro após a venda de um apartamento.

O advogado Frederick Wassef, que atua na defesa do senador Flávio, disse que a "compra e o pagamento dos móveis ocorreu de maneira legal e de acordo com o combinado com David Macedo Neto". Segundo ele, não houve qualquer irregularidade na operação.

A defesa disse ainda que "são inúmeras as informações das autoridades do Rio de Janeiro que não correspondem à verdade. Números errados, contas mal-feitas e informações fora de contexto têm sido usadas para criar uma narrativa falsa".

Wassef disse ainda que "forças ocultas do Rio de Janeiro têm quebrado as regras para promover um julgamento antecipado e um linchamento do meu cliente. Diante de todos esses absurdos, reafirmamos que Flávio Bolsonaro é inocente".

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