Brasil

Movimentos grevistas de policiais dividem opiniões

Especialista em segurança pública acredita que a paralisação é ilegítima, enquanto sociólogo defende que as greves foram previsíveis

"O Brasil precisa acordar. Essas greves são ensinamentos aos governos federal e estaduais de que não dá para brincar com segurança pública", disse o sociólogo da UnB (Marcello Casal Jr/ABr)

"O Brasil precisa acordar. Essas greves são ensinamentos aos governos federal e estaduais de que não dá para brincar com segurança pública", disse o sociólogo da UnB (Marcello Casal Jr/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 10h20.

Brasília - O especialista em segurança pública Nelson Gonçalves, professor da Universidade Católica de Brasilia (UCB), disse que os movimentos grevistas dos policiais militares e bombeiros são "ilegítimos, a começar pelo que estabelece a Constituição Federal". Ele ressaltou que os policiais militares incluem-se no Artigo 142 da Constituição que proíbe a greve de militares.

"Isso não quer dizer que as aspirações por melhores salários e dignidade no trabalho não sejam legítimas. Agora, o modo como elas vêm sendo feitas é ilegítimo", destacou o especialista.

O professor lembrou que greves em setores como segurança pública, educação e saúde sempre produzem reflexos prejudiciais à população. Ele reconheceu que essas áreas da administração pública necessitam de legislação especial.

O sociólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Violência da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Flávio Testa tem opinião diferente. Para ele, as greves dos policiais militares e bombeiros do Maranhão, da Bahia e do Rio de Janeiro foram legítimas e até mesmo previsíveis desde 2011. Ele disse que houve um "planejamento" dessas ações desde as manifestações da categoria nas dependências do Congresso Nacional para pressionar os deputados a votar a chamada PEC 300, proposta de emenda à Constituição que prevê um piso salarial único para policiais militares e bombeiros.

O pesquisador acredita que os soldados aproveitaram o momento em que o Brasil está sob o foco da "mídia internacional" por causa de eventos como a Rio+20, as Olimpíadas, a Copa do Mundo e a Copa das Confederações para pressionar os governos estaduais a reajustar os salários. Segundo Testa, esses movimentos são legítimos e cabe agora aos estados e à União encontrar os meios necessários, inclusive no Orçamento, para conceder "um salário mais digno" aos policiais militares e bombeiros.

"O Brasil precisa acordar. Essas greves são ensinamentos aos governos federal e estaduais de que não dá para brincar com segurança pública", disse o sociólogo da UnB à Agência Brasil. Ele defendeu que, além de melhor remuneração, as polícias militares e os bombeiros necessitam passar por um processo de profissionalização. O pesquisador considera fundamental que os governadores e autoridades federais implementem políticas de gestão nas corporações e "administrem a liberação de recursos como parte de uma política de Estado e não de governo".

Acompanhe tudo sobre:GrevesPolícia Militarseguranca-digital

Mais de Brasil

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas