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Mourão sobre Venezuela: "Houve um passo sem volta"

Para o general, no entanto, é preciso aguardar as próximas horas para se saber exatamente o que poderá acontecer

Mourão: vice-presidente acredita que "houve um passo decisivo, sem volta" na situação da Venezuela (Luisa Gonzalez/Reuters)

Mourão: vice-presidente acredita que "houve um passo decisivo, sem volta" na situação da Venezuela (Luisa Gonzalez/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de abril de 2019 às 13h01.

Última atualização em 30 de abril de 2019 às 13h07.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse que a ida para as ruas de Juan Guaidó, presidente autoproclamado da Venezuela, e do líder oposicionista Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar, mostra que "houve um passo decisivo, sem volta" na situação no país vizinho.

Mourão, que participa nesta terça-feira, 30, de uma reunião de emergência convocada pelo presidente Jair Bolsonaro para discutir o agravamento da situação na Venezuela, lembrou que "existem militares venezuelanos nas ruas, com braceleiras azuis, significando que estão ao lado de Guaidó", o que também seria um avanço. "O temor é que eles (oposicionistas) não tenham apoio das Forças Armadas que julgam que tem e os militares possam reagir, provocando grave confronto nas ruas", comentou.

Para o general, no entanto, é preciso aguardar as próximas horas para se saber exatamente o que poderá acontecer. Mas ressalvou que o fato de os oposicionistas terem tomado a base aérea, no centro da capital, é um dado a favor de Guaidó.

Mourão afirmou que não se tem informações concretas de onde está o presidente Nicolás Maduro. Como Maduro teria convocado as milícias para proteger o Palácio do Governo, Miraflores, acredita-se que seja para protegê-lo. Mas o vice-presidente brasileiro não descarta a possibilidade de Maduro já ter saído do país ou estar procurando uma forma de sair.

"Seria a melhor opção", comentou ele, citando que até agora Maduro não se pronunciou, o que "poderia significar que algo mais está acontecendo". Mourão reiterou, no entanto, que não dispõe de dados concretos sobre onde está Maduro. A avaliação é de que, se for sair para Cuba, o que consideram o mais provável, é que ele vá por Maiquetía, junto com seus principais auxiliares.

"O presidente quer ouvir seus principais assessores e tomar pé da situação", comentou Mourão, acrescentando que há uma grande preocupação com a possibilidade de graves confrontos no país vizinho. Em relação à fronteira brasileira com a Venezuela, Mourão disse que a situação permanece tranquila e que todos os problemas, neste momento, estão concentrados na região de Caracas.

Segundo ele, a mudança de conduta de Guaidó e Lopez significa alteração na situação política, mas observou que, caso toda essa mobilização não dê certo e Maduro consiga resistir, certamente, todos acabarão presos e a crise tenderá a se agravar, uma vez que a Venezuela enfrenta problemas gravíssimos e está se deteriorando dia a dia, com prejuízos incalculáveis para a população.

Desde que as movimentações começaram, os militares brasileiros estão acompanhando de perto todo o desenrolar dos acontecimentos e há uma preocupação muito grande com o que poderá vir pela frente. Não há previsão de prontidão em fronteira e os militares reiteram que não há possibilidade de o governo brasileiro intervir no país vizinho ou entrar lá, embora as tropas brasileiras estejam sempre atentas para qualquer necessidade de atuação. O que existe é um apoio do governo brasileiro e reconhecimento a Juan Guaidó como presidente, além de apoio às sanções ao País.

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