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Mourão: se nada for feito, em 2 anos não haverá como sustentar o governo

"Temos dois pilares básicos da economia no vermelho, abalados: o déficit nas contas públicas e a produtividade", afirmou o vice-presidente

Mourão afirmou que déficit nas contas públicas começou a ser sanado com a reforma previdenciária (Adriano Machado/Reuters)

Mourão afirmou que déficit nas contas públicas começou a ser sanado com a reforma previdenciária (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 12h42.

Última atualização em 7 de dezembro de 2020 às 20h46.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse na manhã desta segunda-feira, 7, em palestra comemorativa aos 126 anos da Associação Comercial de São Paulo, que o país tem enfrentado ao longo dos últimos anos crises nos sistemas político, econômico e da sociedade. A crise econômica, destacou, veio sendo gestada ao longo dos últimos 30 anos. A política vai seguir dando o tom na bolsa? Vai. E você pode aproveitar as oportunidades. Assine gratuitamente a EXAME Research

No seu entender, se nada for feito, como a reforma do Estado, em dois anos não haverá condições de sustentar o governo. "Temos dois pilares básicos da economia no vermelho, abalados: o déficit nas contas públicas e a produtividade."

Segundo ele, o déficit nas contas públicas começou a ser sanado com a reforma previdenciária. Mas isso foi gasto com os recursos destinados à pandemia do novo coronavírus. E alertou que, se não houver reforma do Estado brasileiro, "que é grande e gasta mal", em dois anos não haverá condições de sustentar o governo. "É responsabilidade do nosso governo nesses dois anos trabalhar para superar os obstáculos, fazer as privatizações e equilibrar as contas púbicas, a fim de transmitir confiança para os investidores que desejam trazer seus recursos para o Brasil."

Na palestra, ele criticou que os recursos de impostos e da dívida se perderam em gestões incompetentes e na corrupção, ao longo da crise gestada nos últimos 30 anos. Sobre as projeções para o PIB, ele destacou: "Tenho firme crença que a queda do PIB será de 4,5%; menos da metade dos prognósticos."

Depois de lamentar que nesses dois anos de governo não foi possível avançar nas privatizações, ele falou que a nossa produtividade é baixíssima por causa dos problemas de infraestrutura. "O governo não tem dinheiro para infraestrutura e precisa atrair parceiro privado e, para atrair parceiro privado, precisamos ter ambiente amigável e com segurança jurídica", frisou. E criticou também a Constituição brasileira, que no seu entender, não olhou o futuro e colocou muitos deveres ao governo.

Para Mourão, é preciso investir na reforma tributária, que está madura. "Precisamos organizar e simplificar os impostos", defendeu, destacando que isso é consenso. "Nosso sistema tributário custa 70 bilhões de reais ao ano [para governo e sistema produtivo], o que é muito", avaliou.

Sobre o novo coronavírus, ele disse que o país não saiu da primeira onda. "Na minha visão a pandemia nunca saiu da primeira onda; agora é repique", disse, elogiando o sistema público de saúde brasileiro, que foi capaz junto com o governo brasileiro de trabalhar de forma eficiente na pandemia.

E destacou: "Lamentamos as 176.000 vítimas, mas o trabalho da nossa medicina e dos gestores foi fantástico."

Mourão disse também achar complicado a prorrogação do pagamento do auxílio emergencial pago pelo governo nessa pandemia, que termina neste mês.

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