Antártica: o Brasil faz parte de um seleto grupo de 29 países que possuem estações científicas na região (Alan Arrais/NBR/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 05h59.
Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 06h31.
São Paulo — Oito anos após um incêndio destruir a base científica brasileira Comandante Ferraz, na Antártica, e causar a morte de dois militares, nesta terça-feira 13, o vice-presidente, Hamilton Mourão, e o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, irão reinaugurar o centro de pesquisa que foi reconstruído por uma empresa chinesa ao custo de 99,6 milhões de dólares.
As obras para a reconstrução da base começaram em 2015 ainda no governo da então presidente Dilma Rousseff. Em 2014, foi aberto um edital exclusivamente para empresas brasileiras interessadas em reformar o centro de pesquisas. Como nenhuma companhia do Brasil demonstrou interesse pelas obras, em 2015, o governo federal assinou um contrato milionário com a empresa chinesa Ceiec.
A previsão da Marinha do Brasil era inaugurar a nova base em março do ano passado, mas a complexidade da construção, que só podia ser executada no período de verão da Antártica ㅡ que vai de outubro a março ㅡ atrasou as obras.
O Brasil faz parte de um seleto grupo de 29 países que possuem estações científicas na Antártica. Esta presença é muito importante porque de acordo com o tratado antártico, só quem desenvolve pesquisas na região poderá definir o futuro daquele continente.
Com as obras, o centro de pesquisa brasileiro se torna um dos mais modernos e ecológicos do mundo, tendo 30% da energia elétrica que será utilizada vinda de fontes renováveis. Segundo nota do MCTIC, a inauguração dessa terça-feira “mostra a relevância da permanência do Brasil no Tratado da Antártida de 1959, reafirmando o compromisso do governo federal com o desenvolvimento de atividades científicas, particularmente as ligadas às questões climática e ambiental”.
Embora inaugurada na gestão de Jair Bolsonaro, as obras na base da Antártica teve pouca participação do atual governo, uma vez que a reconstrução já estava orçada antes de Bolsonaro tomar posse. Na segunda-feira, o ministro Marcos Pontes atribuiu a construção da nova estação ao governo Bolsonaro, o mesmo que já questionou dados de órgãos como o Inpe e demitiu nomes como o do cientista Ricardo Galvão, ex-presidente da instituição, por discordâncias políticas. A reinauguração da Comandante Ferraz é uma ode à ciência — e ver integrantes do governo celebrando sua reinauguração, mesmo que de um jeito torto, é uma ótima notícia.