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Mourão diz que coligação aceitará resultado mesmo em caso de derrota

Na sexta-feira, Jair Bolsonaro disse que "não iria aceitar qualquer resultado das eleições presidenciais que não fosse na corrida ao Palácio do Planalto"

"Uma eventual vitória do PT na corrida ao Palácio do Planalto não seria motivo para um golpe militar no paí", disse o general Hamilton Mourão (Exército/Divulgação)

"Uma eventual vitória do PT na corrida ao Palácio do Planalto não seria motivo para um golpe militar no paí", disse o general Hamilton Mourão (Exército/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 1 de outubro de 2018 às 13h54.

Última atualização em 1 de outubro de 2018 às 13h56.

Brasília - O candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta segunda-feira que uma eventual vitória do PT na corrida ao Palácio do Planalto não seria motivo para um golpe militar no país e que a coligação dele não vai se insurgir contra uma derrota no pleito.

Na sexta-feira, Bolsonaro afirmou em entrevista que não iria aceitar qualquer resultado das eleições presidenciais que não fosse sua vitória e não quis opinar sobre a hipótese se Forças Armadas brasileiras aceitariam tacitamente uma vitória do candidato do PT, seu provável adversário no segundo turno, Fernando Haddad.

"Ele (Bolsonaro) já voltou atrás, já tem outra notícia aí. Aquilo foi no calor da disputa. Derrotou, perdeu, perdeu", disse Mourão a jornalistas, ao chegar em Brasília.

"Na minha visão é o seguinte: se o Brasil voltar a eleger o Partido dos Trabalhadores, nós vamos voltar a ter incompetência, má gestão e corrupção. Isso está muito ruim para o país", acrescentou.

Questionado se essa avaliação que faz do PT não seria motivo para um eventual golpe, ele respondeu: "não, as Forças Armadas estão quietinhas aí, sob o comando dos seus comandantes." Disse ainda que é "lógico" que elas vão aceitar o resultado e que faz parte do processo eleitoral.

"Olha, não são as Forças Armadas que estão falando que querem tomar o poder, isso é o José Dirceu que andou falando que quer acabar com o Ministério Público, os poderes. Imagine se eu falasse um negócio desses? E ninguém comenta, né", afirmou.

Bolsonaro e apoiadores têm questionado publicamente a suspeita de que possa haver fraude nas urnas eletrônicas, diante do fato de que não há o voto impresso para se fazer uma checagem.

Mourão disse achar que não vai ser necessário fazer uma auditoria das urnas. "Depende do resultado, está muito cedo para falar disso", afirmou.

Silêncio

Após se envolver em polêmicas públicas, como no momento em que fez críticas ao pagamento do décimo terceiro salário, o candidato a vice afirmou que não terá nenhuma atividade de caráter externo nesta última semana de campanha para o primeiro turno e que, na terça-feira, vai participar em São Paulo de um ato de campanha com candidatos do PRTB, seu partido.

Questionado se vai participar de eventos e ficar falando, ele disse que não, que está em "silêncio obsequioso". Ele admitiu que Bolsonaro "julgou que a gente tem que manter a calma nesta última semana".

Mourão disse que não vai a um debate com candidatos a vice na TV, marcado para esta noite, "por orientação" de Bolsonaro, com quem se reuniu pessoalmente no domingo no Rio de Janeiro.

Na entrevista, o candidato a vice também não quis comentar a declaração de Bolsonaro de que vice que fala muito pode acabar atrapalhando. "Isso aí é uma questão de foro íntimo, não vou comentar isso aí", limitou-se a dizer.

Mourão afirmou que o médico de Bolsonaro, que recebeu alta hospitalar no sábado após três semanas se recuperando de um atentado à faca, não quer que ele vá ao debate na TV Globo, a emissora líder de audiência na quinta-feira, a três dias do primeiro turno. O candidato a vice também acha que ele não deve ir.

"(Bolsonaro) está com vontade, mas o problema é ficar em pé, dura umas três horas, acho complicado para ele", disse, ao avaliar, contudo, que o debate em si não vai mudar a sucessão. Disse que a disputa deverá se dar no segundo turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad.

O candidato a vice afirmou que as manifestações no fim de semana --no sábado contra Bolsonaro e no domingo a favor-- "mais ou menos se equivaleram".

"Está dentro dessa divisão que estamos tendo e que vai ser definido no domingo que vem, realmente com o que vai acontecer", disse.

Questionado sobre se há preocupação com o voto feminino, Mourão disse que não.

"Está empate, né? Voto feminino está empate. Acho que nós teremos uma grande votação entre as mulheres. A última pesquisa está com os dois empatados em torno da preferência do eleitorado feminino", disse.

O candidato a vice afirmou que há uma "grande possibilidade" de a chapa vencer no primeiro turno. Se isso não ocorrer, ele disse que a campanha vai disputar no segundo turno contra Haddad e que vai tentar explorar o antipetismo para vencer.

"Acho que vamos capitalizar no Brasil esse sentimento anti, que não quer a volta desse grupo à Presidência", disse, ao avaliar que é "mais fácil" derrotar o Haddad.

O candidato a vice afirmou que há margem para a campanha de Bolsonaro buscar aliados em um eventual segundo turno e citou os candidatos do Podemos, Alvaro Dias, e do Novo, João Amoêdo. Disse que parcela dos eleitores do tucano Geraldo Alckmin devem apoiar o presidenciável do PSL também.

Mourão afirmou que a campanha tem sido procurada por partidos que apoiam outros candidatos no primeiro turno, mas não quis declinar.

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