Hamilton Mourão: vice entrou na mira de ala do governo mais alinhada com o escritor Olavo de Carvalho (Adnilton Farias/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 1 de abril de 2019 às 14h58.
Última atualização em 2 de abril de 2019 às 11h29.
Brasília — O presidente em exercício, Hamilton Mourão, avaliou nesta segunda-feira que a visão diplomática brasileira sobre a necessidade de uma coexistência pacífica entre israelenses e palestinos na região no Oriente Médio não mudou, mesmo com a recente aproximação do Brasil com Israel.
"Eu tenho aqui que uma vez que os países árabes e os palestinos em particular entendam o alcance dessa decisão, que não muda a nossa visão diplomática da necessidade de que palestinos e israelenses tenham uma coexistência pacifica naquela região, conforme desde 1947 o Brasil apoia", disse Mourão.
"A partir do momento que eles entendam que isso continua, não teremos problema", acrescentou.
Ao comentar o fato de que a Palestina estava considerando chamar o embaixador no Brasil, Ibrahim Alzeben, para consultas --um maneira de manifestar desagrado na diplomacia--, o presidente em exercício afirmou que era preciso aguardar.
"Chamar para consultas ele vai lá, bate um papo e volta", disse Mourão, lembrando que isso é parte das pressões normais na situação.
Mourão explicou que o presidente Jair Bolsonaro consultou vários membros da equipe e ouviu as ponderações antes de tomar uma decisão.
"Eu não vejo também nada demais, é algo que não tem nada a ver com a diplomacia. Podemos até considerar algo como um passo intermediário naquela ideia inicial do presidente de mudar a embaixada", argumentou.
Bolsonaro confirmou, durante a visita a Israel, a intenção anunciada semana passada de abrir um escritório de negócios em Jerusalém, em oposição à mudança da embaixada para a cidade, disputada como capital por palestinos e israelenses.
De acordo com o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, o escritório não será ligado à embaixada e não será tocado por diplomatas.
Ainda assim, os palestinos reagiram mal e chegaram a ameaçar chamar para consultas o embaixador. Alzeben, no entanto, disse à Reuters que não foi chamado oficialmente e a situação está sob análise, a depender do desenrolar da visita.