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Mourão: Bolsonaro e as Forças Armadas não querem uma ruptura institucional

Mourão afirmou que alguns militares podem simpatizar com o governo, mas o importante é os comandantes estarem comprometidos com a "missão constitucional"

Mourão: "Nem passa pela minha cabeça, o nosso presidente se chama Jair Bolsonaro" (Adnilton Farias/Flickr)

Mourão: "Nem passa pela minha cabeça, o nosso presidente se chama Jair Bolsonaro" (Adnilton Farias/Flickr)

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Reuters

Publicado em 23 de junho de 2020 às 06h23.

Última atualização em 23 de junho de 2020 às 16h24.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira que o presidente Jair Bolsonaro não tem como objetivo qualquer ruptura institucional do país e que as Forças Armadas têm mantido seu papel constitucional.

"O presidente não tem o mínimo anseio, o mínimo objetivo de fazer alguma ruptura institucional aqui no nosso país... as Forças Armadas estão fora de qualquer tipo de ação dessa natureza, mas eu deixo claro que o presidente não tem essa visão em momento nenhum", disse Mourão em entrevista à CNN Brasil.

Na avaliação do vice, as Forças Armadas têm permanecido, como nos últimos 35 anos, "dentro da disciplina, da hierarquia, cumprindo as suas missões constitucionais".

Segundo o vice, entre os militares pode haver indivíduos com uma simpatia maior pelo governo Bolsonaro, outros nem tanto, "mas o importante é os comandantes estarem devidamente comprometidos apenas com a missão constitucional", afirmou.

Ele acrescentou que "em nenhum momento está escrito que elas são um Poder Moderador", distanciando-se da posição defendida por alguns apoiadores do presidente e mesmo por juristas.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, em decisão formal, e o presidente da corte, Dias Toffoli, já declararam que esse papel não cabe às Forças Armadas.

Questionado se sentia-se preparado para assumir a Presidência caso necessário, Mourão foi taxativo: "Nem passa pela minha cabeça, o nosso presidente se chama Jair Bolsonaro."

QUEIROZ E TSE

O vice-presidente disse não acreditar que uma eventual delação premiada do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz possa ameaçar o governo Bolsonaro.

"Eu acho que não. Eu acho que essa questão aí está circunscrita a problemas da Assembleia Legislativa lá do Estado do Rio de Janeiro, não é? Tem bastante gente ali para ser investigada, esse processo é grande. Então, eu acho que para chegar ao Palácio do Planalto, não há condições para isso."

Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, foi preso na quinta-feira em Atibaia (SP), em cumprimento a mandado expedido pela Justiça do Rio no âmbito das investigações sobre um esquema de "rachadinha" na Alerj.

"Esse é um caso que o presidente Bolsonaro se manifestou desde o começo do ano passado e deixou muito claro que quem errou, terá que pagar", disse o vice.

Mourão também minimizou o impacto de eventual compartilhamento de provas obtidas no inquérito das fake news com as ações em análise no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa vitoriosa na eleição presidencial de 2018.

"Eu considero que nenhuma prova que for obtida aí terá interferência no que foi a nossa campanha", disse.

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