Brasil

Mourão assume presidência e evita comentar sobre Flávio Bolsonaro

"Tenho uma audiência, só queria dizer: extrema satisfação que o Flamengo venceu ontem e o Botafogo perdeu", disse hoje ao chegar no Palácio do Planalto

Bolsonaro e Mourão: essa é a primeira vez desde a redemocratização que um general assume a presidência (Alan Santos/Agência Brasil)

Bolsonaro e Mourão: essa é a primeira vez desde a redemocratização que um general assume a presidência (Alan Santos/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 10h45.

Última atualização em 21 de janeiro de 2019 às 10h48.

Brasília — Ao chegar no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (21), o presidente em exercício, Hamilton Mourão, fez uma brincadeira com jornalistas e evitou um novo comentário sobre o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

"Tenho uma audiência, só queria dizer o seguinte: extrema satisfação que o Flamengo venceu ontem e o Botafogo perdeu", comentou, sorrindo. Mourão é flamenguista.

Perguntado se as declarações feitas neste domingo (20), sobre Flávio Bolsonaro, envolvido em polêmicas em torno de movimentações financeiras suspeitas, foram suficientes, Mourão não comentou.

Em entrevista neste domingo, ele havia dito que o parlamentar é quem precisaria explicar o caso, e não o presidente Jair Bolsonaro.

Na sexta-feira (18), o Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou cerca de 50 operações atípicas em contas pessoais do senador eleito no total de R$ 96 mil.

Para Mourão, o caso não deve ofuscar a primeira viagem internacional do presidente Jair Bolsonaro, que viajou neste domingo para a Suíça.

"O presidente não está tendo de se defender. Quem tem de se defender, se explicar, é o Flávio", declarou Mourão, que fica interinamente na Presidência até sexta-feira, enquanto Bolsonaro estiver no Fórum Econômico Mundial em Davos.

"Esse não é um caso do governo, é um caso da Justiça sobre um senador eleito, que tem o sobrenome Bolsonaro. Vale a regra da expressão militar, 'apurundaso', que quer dizer apurar e punir, se for o caso. É isso que está valendo."

O vice-presidente não quis responder se não era o caso de o presidente "jogar os filhos aos leões", como defendem alguns assessores, para evitar contaminação do seu governo.

Mourão disse que, quando apareceu o primeiro caso envolvendo Queiroz, Bolsonaro já disse que este era "um problema do Flávio e não dele".

Reconheceu, no entanto, que o assunto pode "até preocupar o presidente, porque é o caso com um filho dele", mas insistiu que este "não é problema do governo".

No Palácio do Planalto, há um grande incômodo com a repercussão do caso. Pessoas próximas ao presidente avaliam que o governo pode ser contaminado, mesmo que o discurso oficial do vice-presidente e de todos os integrantes do primeiro escalão diga o contrário.

Assessores ouvidos pela reportagem disseram que não só entre os militares, mas também entre civis, particularmente os ligados ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, o desconforto é grande.

Parte desse grupo avalia que, assim com o "pessoal da caserna", emprestou o seu prestígio e credibilidade ao novo governo. Portanto, todas essas críticas e denúncias "têm algum reflexo e que dá margem a especulações políticas".

Acompanhe tudo sobre:DavosFlávio BolsonaroHamilton MourãoJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua