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Motta anuncia votação de projeto que cria bancada cristã na Câmara

Proposta unifica frentes evangélica e católica

Agência o Globo
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Publicado em 22 de outubro de 2025 às 12h09.

Última atualização em 22 de outubro de 2025 às 13h01.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que levará para votação, nesta quarta-feira, o projeto de resolução que cria a bancada cristã na Casa. A proposta, apresentada por deputados das frentes evangélica e católica, institui uma nova liderança com direito a voto no colégio de líderes — instância que define a pauta de votações e as negociações políticas do plenário.

"Hoje é um dia de muita alegria. Acabo de receber, das mãos do Gilberto e do Gastão, um requerimento de urgência que trata de um projeto de resolução que cria a bancada cristã na Casa, demonstrando que as bancadas evangélica e católica têm interesse de caminhar conjuntamente em muitas pautas que são de interesse da população brasileira", afirmou Motta, ao confirmar que o requerimento será analisado ainda nesta tarde.

A articulação é conduzida pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, e Luiz Gastão (PSD-CE), que lidera o grupo católico. A ideia é unificar as duas frentes sob uma representação institucional, com direito a indicar um líder e participar das reuniões que definem as prioridades da Câmara. Neste primeiro momento, Nascimento foi escalado para assumir a cadeira no colégio de líderes, cargo que vai revezar entre evangélica e católica anualmente.

Na prática, o status de liderança garante uma série de prerrogativas políticas: o líder da bancada cristã poderá votar nas reuniões do colégio de líderes — onde se decide o que vai ou não à pauta do plenário —, negociar tempo de fala em votações, participar de acordos de procedimento e ter acesso direto à Mesa Diretora. O posto também dá direito a indicar representantes em comissões e participar das rodadas de negociação com o governo federal e com as demais bancadas partidárias.

O projeto foi protocolado na semana passada e conta com o apoio da ala conservadora da Casa. Se aprovado, o colegiado passará a figurar entre os 21 assentos do colégio de líderes, ampliando o peso político dos grupos religiosos nas decisões internas. A frente evangélica, sozinha, reúne mais de 200 parlamentares, e a expectativa é de que a nova liderança represente, em conjunto, mais de 300 deputados — incluindo nomes que se identificam com pautas religiosas mesmo sem vínculo formal com igrejas.

Aproximação política com a base conservadora

A criação da bancada cristã vinha sendo discutida desde a gestão de Arthur Lira (PP-AL), mas ganhou tração sob o comando de Motta, que tem buscado consolidar apoio entre os segmentos religiosos e dar maior espaço institucional às frentes temáticas. O movimento é visto nos bastidores como um gesto político de aproximação com a base conservadora, em um momento de recomposição de forças no plenário e de debates sensíveis ao eleitorado cristão — como a regulação das redes sociais, a política de drogas e os vetos de Lula ao novo licenciamento ambiental.

Nesta quarta-feira, os integrantes da iminente bancada cristã se reuniram em culto ecumênico. Motta esteve na solenidade, acompanhado de sua esposa, Luana Medeiros.

Para além das orações, o deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) fez um canto religioso em prol da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023. A letra afirma que a anistia é "a justiça mais ampla", e que "o batom na estátua não apaga a esperança", em referência a Débora do Batom, condenada a 14 anos de prisão por pichar a estátua da Justiça naquele dia.

O pedido por anistia ocorre no dia em que o acórdão dos condenados na trama do golpe foi publicado no sistema do STF. Nas últimas semanas, a proposta perdeu força na Casa. Na noite desta terça-feira, ao ser questionado sobre o projeto das reduções de pena, Motta afirmou que não havia "novidades".

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