Faixa de pedestre no centro de SP: as principais vítimas do trânsito na capital paulista continuam sendo os pedestres (Milton Jung CBNSP/Flickr)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2014 às 09h20.
São Paulo - Embora o número de mortes no trânsito da capital paulista tenha caído 6% em 2013 e chegado ao patamar mais baixo dos últimos oito anos, a cidade ainda mantém um sistema viário perigoso.
Por exemplo, em comparação ao município de Nova York, nos Estados Unidos, onde 274 pessoas morreram, São Paulo registra quatro vezes mais mortes no trânsito, com 1.152 ocorrências no ano passado, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Consideradas as diferenças de tamanho - a cidade norte-americana tem população de 8,3 milhões, 30% a menos do que os 12 milhões de paulistanos -, a proporção de mortes nas vias de São Paulo a cada 100 mil habitantes é quase três vezes maior.
Tomando por base esse índice, no ano passado, 9,6 pessoas perderam a vida em acidentes na maior cidade do Brasil, enquanto em Nova York foram 3,3, segundo o último levantamento da cidade americana, que se refere a 2012.
As principais vítimas do trânsito na capital paulista continuam sendo os pedestres. Em 2013, dos mortos no tráfego da cidade, 514 andavam a pé - contra 540 no ano anterior. Os motociclistas estão na segunda colocação. No último ano, 403 deles perderam a vida em acidentes viários, ante 438 em 2012.
Motoristas ou passageiros de automóveis integram o grupo cujas vítimas de um ano para o outro ficaram em um patamar estável: a queda foi de somente um caso, atingindo a marca de 200 em 2013. Já os ciclistas caíram de 52 para 35, a variação mais expressiva entre todos os grupos.
Em um documento da CET, o técnico Max Ernani Borges De Paula destaca o fato de as mortes terem caído 23,5% entre 2005, quando 1.505 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito, e 2013. Ele lembra que isso ocorreu apesar de, no período, a frota de carros ter crescido de 4,085 milhões para 5,446 milhões (33,3% a mais) e a de motos de 491 mil para 995 mil, um acréscimo de 102,8%.
Motos.
Para Borges De Paula, a redução das mortes só não foi mais expressiva em decorrência da ascensão "vertiginosa" das motos na cidade.
"Por ser um veículo perigoso, já que não proporciona nenhuma proteção aos seus ocupantes em caso de acidente de trânsito, o aumento do seu número foi acompanhado pela ocorrência cada vez mais frequente de acidentes graves envolvendo esses veículos, muitos deles acarretando a morte ou sequelas severas às vítimas motociclistas", escreveu.
O diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite Duarte, credita a redução de mortes no período a programas de educação lançados nos últimos anos, como o de respeito ao pedestre e o de redução de velocidade máxima nas avenidas.
"Também nos concentramos com o governo do Estado na questão das blitze de alcoolemia ao volante. Temos que manter isso reforçado, porque se você deixa as regras soltas, elas podem se perder."
Ele disse ainda que uma inspiração na experiência de Nova York é a rigidez do poder público em manter políticas que priorizem a segurança no trânsito, sem concessões. Duarte destacou ainda que a CET tem nas taxas nova-iorquinas uma inspiração para a redução da mortalidade no trânsito paulistano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.