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Morte de voluntário da CoronaVac não teve relação com vacina

A Secretaria de Segurança Pública, em comunicado enviado à EXAME, está investigando o suicídio como a causa da morte do voluntário

Vacina: testes da CoronaVac foram pausados na noite desta segunda (Ingrid Anne/Semcom/Divulgação)

Vacina: testes da CoronaVac foram pausados na noite desta segunda (Ingrid Anne/Semcom/Divulgação)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 13h56.

Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 15h13.

Informações do Governo de São Paulo indicam que a morte do voluntário que participava da última fase de testes da vacina CoronaVac não teve a ver com a vacina. A Secretaria de Segurança Pública, em comunicado enviado à EXAME, afirmou que está investigando o suicídio como a causa da morte do voluntário. "O caso citado foi registrado e é investigado como suicídio pelo 93º DP (Jaguaré). Exames periciais estão em andamento e mais detalhes não serão divulgados até a conclusão dos laudos técnicos para não atrapalhar as investigações", afirmou a Secretaria.

Na noite desta segunda-feira, 9, os testes da CoronaVac foram pausados no Brasil após um voluntário apresentar um "efeito adverso grave". Os testes, no entanto, devem ser retomados em até dois dias, segundo Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan.

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Em nota enviada na segunda, o Instituto Butantan afirmou que “está à disposição da agência reguladora brasileira para prestar todos os esclarecimentos necessários referentes a qualquer evento adverso que os estudos clínicos podem ter apresentado até momento”.

Mais cedo nesta segunda, o instituto anunciou que começou as obras necessárias para a fabricação de cerca de 1 milhão de doses diárias da CoronaVac. A obra deverá ser concluída somente no final do ano que vem. Outras 6 milhões de doses virão prontas da China. 100 milhões de doses devem ser fabricadas anualmente pelo laboratório.

O prazo colocado como ideal pelo governo de São Paulo para a conclusão da última fase de testes era no dia 16 de outubro, mas faltaram mais dados e a aplicação da vacina em mais voluntários. Em uma segunda etapa, em novembro, serão feitos testes em grupos específicos, como idosos, crianças e mulheres grávidas.

Sem apresentar pesquisas publicadas ou uma conclusão de estudos, também no mês passado, o governo afirmou que 35% dos voluntários tiveram efeitos colaterais. E, se até recentemente o governador João Doria (PSDB-SP) falava em uma campanha de vacinação iniciada em 15 de dezembro deste ano, o discurso mudou e nenhuma data é citada. A falta de provas preocupa a comunidade científica brasileira. Agora, com a pausa, as expectativas devem se frustrar ainda mais.

pausa, comum em testes científicos, não significa que os demais voluntários deixarão de fazer parte da pesquisa, mas sim que a empresa não poderá recrutar novos indivíduos e os demais continuarão a ser monitorados de perto por equipes médicas, a fim de identificar se novos efeitos adversos irão ocorrer. Segundo a nota divulgada pela Anvisa, “com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado”. “A Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes”, continua a agência reguladora.

Em setembro, uma pausa aconteceu também nos testes da vacina britânica desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a companha anglo-sueca AstraZeneca. À época, um porta-voz da AstraZeneca descreveu a pausa ao site de notícias de saúde StatNews como “uma ação de rotina que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada em um dos testes, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos resultados”.

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