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Morte de Vladimir Herzog completa 40 anos

Saiba mais sobre o jornalista que marcou o processo de redemocratização no Brasil.

Vladmir Herzog em cena do documentário Vlado (Divulgação)

Vladmir Herzog em cena do documentário Vlado (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2015 às 13h51.

São Paulo - Há 40 anos, milhares de brasileiros ocupavam a Praça de Sé, em São Paulo, em uma manifestação silenciosa contra o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, morto em uma prisão do regime militar, disfarçada de suicídio.

"Em termos de repercussão pública, foi o primeiro ato contra a ditadura após 1968. A morte de Vladimir e a reação que ela desencadeou é um marco decisivo no processo de redemocratização do país", explicou Cícero Araújo, historiador e professor da Universidade de São Paulo (USP).

Considerado um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro, Herzog deu nome a um parque e a um importante prêmio de imprensa e de direitos humanos no Brasil. Ele foi assassinado em 25 de outubro de 1975 após se apresentar voluntariamente ao Centro de Operações de Defesa Interna, um órgão militar da ditadura.

Sem antecedentes criminais e funcionário público na época, diretor da estatal TV Cultura, 'Vlado', como era chamado por seus amigos e colegas, era acusado de militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB), que funcionava então na clandestinidade.

"O aparelho repressivo tinha sido montado sob a justificativa de que existia uma guerrilha de luta armada. Mas em 1974 os grupos de luta armada tinham sido liquidados, e o aparelho repressivo começou a seguir supostos militantes do PCB", contou o historiador.

Após ser procurado duas vezes pelas autoridades, uma em sua casa e a outra na emissora, Herzog, que nasceu na antiga Iugoslávia e chegou criança ao Brasil, optou por se apresentar voluntariamente DOI-CODI, pensando que seria liberado após prestar depoimento.

Seu antigo companheiro de trabalho e atual diretor do Instituto Vladimir Herzog, Nemécio Nogueira, vê a morte do jornalista como "um acidente de trabalho dos militares, que não tinham motivos" para matá-lo.

Para Nogueira, os militares "por incompetência exageraram na maldade" quando o torturaram e não pensaram que Herzog morreria.

O também jornalista e amigo pessoal Sergio Gomes lembrou que "ninguém ocupava o cargo de diretor da TV Cultura sem o aval do secretário de Cultura, que por sua vez não designava ninguém sem consultar antes aos órgãos de informação do regime".

Para o historiador Araújo, a morte refletiu o total descontrole do aparelho repressivo do regime e o erro despertou milhares de pessoas, que nos dias posteriores se reuniram na Praça de Sé para expressar sua indignação pela morte injustificada do jornalista, que se transformou em símbolo da luta pela liberdade.

Para conter a pacífica manifestação popular, os militares organizaram uma grande operação, fecharam as ruas nos arredores da praça e detiveram pessoas pelo caminho, mas mesmo assim milhares conseguiram chegar ao marco zero de São Paulo.

"De uma certa forma, o ato na Praça de Sé foi um desabafo, um alívio que uniu todos os setores da sociedade identificados com o enfrentamento contra a intimidação e a violência", destacou o acadêmico.

Esse desabafo, explicou o biógrafo de Herzog e presidente do Sindicato dos Jornalistas na época, Audálio Dantas, foi decisivo para impulsionar uma reação de consciência nacional frente aos crimes da ditadura e que culminou com o movimento "Diretas Já", que exigia eleições diretas e democráticas à presidência.

"Antes as manifestações eram isoladas, só depois dessas (por Herzog) começaram a alcançar um espectro maior da sociedade. Não tenho dúvidas que o movimento das eleições diretas não veio por acaso e tem sua origem no caso 'Vlado'", finalizou Dantas. EFE

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