O juiz Sérgio Moro: ex-assessores parlamentares Paulo Roxo e Valério Neves Campos foram presos temporariamente na 28ª fase da Lava Jato (Rodolfo Buhrer/REUTERS)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2016 às 20h41.
São Paulo - O juiz Sérgio Moro mandou soltar nesta sexta-feira, 15, os dois acusados de operar o pagamentos de propinas de R$ 5,3 milhões a mando do ex-senador Gim Argello (PTB) para evitar a convocação de empreiteiros para depor nas comissões parlamentares que investigaram irregularidades na Petrobras no Senado e no Congresso em 2014.
Os ex-assessores parlamentares Paulo Roxo e Valério Neves Campos foram presos temporariamente na 28ª fase da Lava Jato, chamada Vitória de Pirro, na última terça-feira, 12. O MInistério Público Federal pediu a conversão da prisão deles em preventiva, mas o juiz Sérgio Moro entendeu que a atuação de ambos era subordinada a Gim Argello.
Segundo as investigações, o ex-senador teria negociado o pagamento das propinas de cerca de R$ 5,3 milhões por meio de doações eleitorais ao DEM, PR, PMN e PRTB para evitar que empreiteiros investigados na Lava Jato fossem convocados para depor nas duas comissões instauradas em 2014 para investigar as suspeitas de irregularidades em contratos da Petrobras revelados pela Lava Jato.
Para o magistrado, não há "razão suficiente para a prorrogação da prisão temporária" e por isso os dois foram soltos. Ainda assim, Moro determinou que eles cumpram uma série de medidas restritivas, como a proibição de deixar o país, de mudar de endereço sem avisar a Justiça e de comparecer a todos os atos do processo.
Em depoimento de delação premiada, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou que integrantes da CPI mista da Petrobras, encerrada em 2014, recebiam propina em dinheiro vivo para evitar a convocação de empreiteiros investigados na Lava Jato. O senador citou Gim Argello (PTB-DF), então vice-presidente da comissão, como integrante do núcleo responsável pelo achaque.
Delcídio contou que reuniões semanais eram feitas entre os congressistas e os executivos para discutir requerimentos "sensíveis" da CPI e a estratégia para derrubá-los. Os encontros ocorreriam nas noites de segunda-feira, alguns na casa de Gim. O petebista seria o coordenador do grupo que pedia dinheiro a empreiteiros.
O diretor financeiro da UTC Engenharia, Walmir Santana, outro delator da Lava Jato, afirmou que Gim Argello atuaria para que o empreiteiro Ricardo Pessoa não fosse chamado a depor na CPMI da Petrobras em 2014. Em contrapartida, Ricardo Pessoa faria contribuições em favor de pessoas indicadas por Gim Argello.
Diante das suspeitas, a força-tarefa da Lava Jato deflagrou na última terça-feira, 12, a operação Vitória de Pirro, que prendeu Gim Argello e seus dois ex-assessores. Com isso, apenas o ex-senador segue preso em Curitiba.