Brasil

Moro diz que cargo é técnico e mantém promessa de não entrar na política

Juiz afirma que não considera ter ingressado na política ao aceitar o convite de Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça e Segurança Pública

Moro: juiz aceitou na semana passada convite de Bolsonaro para ser o ministro da Justiça e Segurança Pública do próximo governo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Moro: juiz aceitou na semana passada convite de Bolsonaro para ser o ministro da Justiça e Segurança Pública do próximo governo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 6 de novembro de 2018 às 09h21.

O juiz federal Sérgio Moro afirmou, em palestra na noite de segunda-feira, que não considera ter ingressado na política ao aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça e Segurança Pública do próximo governo, e que mantém válida a promessa feita anos atrás de que jamais irá disputar um cargo eletivo.

"Eu aqui faço uma respeitosa divergência, não me vejo ingressando na política, ainda como um político verdadeiro, para mim eu ingresso em um cargo que é predominantemente técnico, e eu vou trabalhar com aquilo que eu conheço, que é a Justiça", disse Moro em trecho da palestra exibido pela TV Globo na manhã desta terça-feira.

"Mantenho válida a promessa que fiz anos atrás de que jamais entraria na política. Não pretendo jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo, mas o Ministério da Justiça e da Segurança Pública para mim eu estou indo para uma posição técnica para fazer o meu trabalho", acrescentou.

Moro aceitou na semana passada convite de Bolsonaro para ser o ministro da Justiça e Segurança Pública do próximo governo, o que levou a críticas de líderes do PT uma vez que o juiz foi responsável pela condenação que abriu caminho para o veto à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto.

Na segunda-feira, a defesa de Lula entrou com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) com base na suspeição de Moro, alegando a perda da imparcialidade do magistrado para julgá-lo após o juiz aceitar o convite para ser ministro de Bolsonaro.

Os advogados do ex-presidente alegam que o juiz estabeleceu "relação de inimizade capital" com Lula e também apontaram interesses "exoprocessuais" de Moro.

Na palestra em Curitiba, Moro reconheceu que, apesar de considerar técnico o trabalho que aceitou fazer como ministro, terá que se envolver em atuação política, em especial com o Congresso Nacional.

"Tem que se conversar com as pessoas, tem que se buscar convencer os parlamentares a aprovarem aquelas medidas legislativas que se mostrarem oportunas e forem apresentadas, sempre, evidentemente, com o ouvido aberto ao diálogo", afirmou.

Moro, que na segunda-feira apresentou pedido de férias para se afastar da magistratura antes de assumir o ministério em janeiro de 2019, vai conceder uma entrevista coletiva mais tarde nesta terça-feira.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroMinistério da Justiça e Segurança PúblicaSergio Moro

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua