Brasil

Moraes envia cinco recados em decisão contra atos terroristas em Brasília; saiba quais são

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha

 (Rosinei Coutinho/SCO/STF/Flickr)

(Rosinei Coutinho/SCO/STF/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 17h51.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinando a desocupação dos acampamentos golpistas foi marcada por uma série de recados. Ao longo do seu despacho, o magistrado chamou a atenção de autoridades públicas que não conseguiram evitar uma "tragédia anunciada" que culminou na invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Alertou que todos os terroristas que depredaram o patrimônio público serão responsabilizados. Apontou que os financiadores do atos antidemocráticos serão investigados e punidos.

"Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática de atos antidemocráticos", diz um trecho da decisão. "O comportamento ilegal e criminoso dos investigados não se confunde com o direito de reunião ou livre manifestação de expressão e se reveste, efetivamente, de caráter terrorista, com a omissão, conivência e participação dolosa de autoridades públicas (atuais e anteriores), para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado das Eleições Gerais de 2022, com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção", destaca o ministro.

Veja os principais recados que estão na decisão do ministro do Supremo, divulgada na noite de domingo.

Autoridades públicas

O afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi um alerta a outras autoridades públicas. Em sua decisão, Moraes chama a atenção para gestores que não viram uma "tragédia anunciada" "pela absoluta publicidade da convocação das manifestações ilegais pelas redes sociais e aplicativos de troca de mensagens, tais como o WhatsApp e Telegram". O despacho afirma que Ibaneis Rocha "não só deu declarações públicas defendendo uma falsa 'livre manifestação política em Brasília' (...) como também ignorou todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança semelhante aos realizados nos últimos dois anos em 7 de setembro". Moraes ainda afirma que "os agentes públicos (atuais e anteriores) que continuarem a ser portar dolosamente dessa maneira, pactuando covardemente com a quebra da Democracia e a instalação de um estado de exceção, serão responsabilizados".

Terroristas

A prisão em massa de centenas de envolvidos nos atos criminosos é o recado de Moraes de que a resposta para esses ataques será dura. Os detidos já estão sendo encaminhados a presídios do DF. As prisões ocorreram não só nos prédios onde havia as depredações como também nas proximidades da Praça dos Três Poderes e no acampamento em frente ao QG do Exército. Na decisão, Moraes determina "a desocupação e dissolução total, em 24 horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes pela prática dos crimes". O alerta serviu para outros terroristas que contestam, de forma irregular, o resultado das eleições.

Redes sociais e influenciadores

Ao determinar a exclusão de perfis nas redes sociais que propagaram atos terroristas na Praça dos Três Poderes, sob pena de multa de R$ 100 mil, Moraes destaca que tanto influenciadores como as plataformas poderão ser responsabilizados por conteúdos antidemocráticos. O magistrado solicitou às empresas de tecnologia que forneçam dados cadastrais dos usuários que insuflaram atos antidemocráticos. O objetivo disso é identificar quem estava por trás de uma milícia digital voltada a atacar as instituições.

Financiadores

De acordo com Moraes, os financiadores dos atos terroristas na Esplanada dos Ministérios serão identificados e punidos. Para isso, o magistrado ordenou a apreensão de 87 ônibus, a coleta de depoimentos dos proprietários dos veículos e determinou à Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTI) "que mantenha o registro de todos os veículos, inclusive telemáticos, de veículos que ingressaram no Distrito Federal entre os dias 5 e 8 de janeiro de 2023”.O objetivo do magistrado é identificar possíveis patrocinadores de ações antidemocráticas. "A organização, participação, financiamento e apoiamento a esses acompanhamentos terroristas configura crime passível de imediata prisão em flagrante, uma vez que a lei antiterrorista admite a punição, inclusive, de atos preparatórios", escreveu Moraes.

Bloqueio de vias públicas e estradas

Moraes também determinou "a desocupação, em 24 horas, de todas as vias públicas e prédios públicos estaduais e federais em todo o território nacional". Nos estados e no DF, as operações deverão ser realizadas pelas Polícias Militares, com apoio da Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal se necessário, "devendo o governador do Estado e DF ser intimado para efetivar a decisão, sob pena de responsabilidade pessoal".

LEIA TAMBÉM:

Acompanhe tudo sobre:Alexandre de MoraesBrasíliaSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP