Brasil

Moraes condena coligação de Bolsonaro a pagar multa de R$ 22,9 milhões

Ministro diz que o objetivo do pedido de verificação das urnas, feito pelo PL, é 'incentivar movimentos criminosos e anti-democráticos'

Alexandre de Moraes esteve em Lisboa e participou de evento sobre mudanças climáticas (Carlos Moura/SCO/STF/Flickr)

Alexandre de Moraes esteve em Lisboa e participou de evento sobre mudanças climáticas (Carlos Moura/SCO/STF/Flickr)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 23 de novembro de 2022 às 21h43.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, determinou nesta quarta-feira, 23, que a coligação que lançou o presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição pague multa de R$ 22,9 milhões por pedir a anulação de milhões de votos no segundo turno das eleições de 2022, mesmo sem nenhum indicativo de fraude.

Moraes concluiu que os partidos (PL, PP e Republicanos) agiram com "total má-fé" ao alegar que as 279 mil urnas eletrônicas de modelos anteriores a 2020 não teriam identificação e que, por isso, deveriam ser desconsideradas na contagem dos votos para presidente da República. Essa medida invalidaria a escolha de quase 60% dos eleitores.

O ministro determinou o bloqueio imediato dos fundos partidários das três legendas até o pagamento da multa. Na decisão, ele afirma que o objetivo do pedido de verificação das urnas, feito pelo PL na terça-feira, 22, é "incentivar movimentos criminosos e anti-democráticos".

Investigações

Moraes determinou ainda que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o engenheiro Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL), empresa contratada para fazer a auditoria, sejam investigados pelo "possível cometimento de crimes comuns e eleitorais com a finalidade de tumultuar o próprio regime democrático brasileiro".

O inquérito também será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, a Corregedoria-Geral Eleitoral abrirá um processo administrativo para apurar "eventual desvio de finalidade na utilização da estrutura partidária, inclusive de Fundo Partidário".

Pedido 'esdrúxulo'

Ainda na terça-feira, Moraes deu 24 horas para que o PL incluísse no pedido dados referentes aos dois turnos das eleições, já que foram usadas as mesmas urnas nas duas datas. A sigla, no entanto, se negou a incluir o primeiro turno. O partido de Bolsonaro elegeu a maior bancada da Câmara, com 99 deputados, no primeiro turno, em 2 de outubro. 

Na decisão, Moraes afirma que essa resistência bastaria para negar o pedido, por uma questão de "coerência". Mas, mesmo que fosse possível manter a discussão restrita ao segundo turno, não haveria "nenhuma razão" para anular apenas os votos para presidente da República, sem considerar as eleições para governadores, que concorreram "nas mesmíssimas urnas", lembra o ministro.

Moraes classifica o pedido do PL como "esdrúxulo" e "ilícito", além de "ostensivamente atentatório ao Estado Democrático de Direito". Ele ressalta, na decisão, que dizer que todas as urnas antigas têm o mesmo número de identificação é "ignorância -- o que não parece ser o caso -- ou evidente má-fé".

"Os argumentos da requente, portanto, são absolutamente falsos, pois é totalmente possível a rastreabilidade das urnas eletrônicas de modelos antigos", afirma Moraes.

O PL informou que já acionou a assessoria jurídica para analisar a decisão. "O partido reitera que apenas seguiu o que prevê a Lei Eleitoral que obriga as legendas a realizar uma fiscalização do processo eleitoral", diz a sigla, em nota.

 

Acompanhe tudo sobre:Alexandre de MoraesGoverno BolsonaroJair BolsonaroPL — Partido LiberalTSE

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP