Santa Marta, no Rio de Janeiro: governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) foi o principal alvo do ato dos moradores (Riotur)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2013 às 20h56.
Rio - Na primeira manifestação promovida por moradores do morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul do Rio, pelas ruas do bairro, nesta segunda-feira à noite, cerca de 300 pessoas cobraram antigas promessas de urbanização e criticaram a violência policial e o que classificaram como "obras de maquiagem" realizadas na favela.
Em passeata realizada sob chuva, o grupo percorreu trechos das principais ruas de Botafogo e protestaram em frente ao Palácio da Cidade, uma das sedes da prefeitura do Rio. Pouco antes da chegada do grupo, guardas municipais acorrentaram o portão do palácio. As Ruas São Clemente e Voluntários da Pátria, por onde o grupo caminhou, não chegaram a ser interditadas - manifestantes usaram duas faixas e o trânsito fluiu pela terceira.
Durante o percurso, que começou às 18h30 e continuava às 20 horas, moradores de apartamentos piscavam luzes e motoristas buzinavam, sinalizando apoio ao ato. Por meio de faixas e de gritos de ordem, manifestantes cobravam melhorias sociais na favela. O Santa Marta foi a primeira comunidade do Rio a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em dezembro de 2008, mas até hoje não dispõe de creche pública, e o esgoto ainda corre a céu aberto por vielas.
À frente do grupo, Erick, de 11 anos, levava um cartaz de papelão onde se lia "Não quero ratos na minha casa". A moradora Sheila Souza criticou a forma como o governo estadual promove o turismo na favela. "A gente não é macaco de circo para turista. Dizer que há interação com morador é mentira. Se ficarmos calados, nada vai mudar", declarou. "As casas de madeira continuam no mesmo lugar. Chega de maquiagem, queremos uma política de qualidade."
O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) foi o principal alvo do ato. Houve críticas à taxa de luz, à precariedade do bonde que leva moradores até o alto do morro, à falta de saneamento, às remoções programados no topo da favela, à retirada de uma rádio comunitária do ar, à falta de diálogo do governo e à violência policial em favelas. Até as 20 horas, o ato não havia terminado, mas não havia registro de confrontos nem depredações.