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Moradores de ocupação de SP reivindicam regularização

O antigo hotel passou por avaliação do Minha Casa Minha Vida Entidades, mas uma ação de reintegração de posse, sem data marcada, ainda preocupa as famílias


	Ocupação: o antigo hotel passou por avaliação do Minha Casa Minha Vida Entidades, mas uma ação de reintegração de posse, sem data marcada, ainda preocupa as famílias
 (Rovena Rosa / Agência Brasil)

Ocupação: o antigo hotel passou por avaliação do Minha Casa Minha Vida Entidades, mas uma ação de reintegração de posse, sem data marcada, ainda preocupa as famílias (Rovena Rosa / Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2016 às 16h35.

São Paulo - Moradores da ocupação São João, no centro da capital paulista, reivindicam a regularização do imóvel para moradia definitiva das famílias.

O antigo hotel, ocupado há seis anos, passou por avaliação do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades, mas uma ação de reintegração de posse, sem data marcada, ainda preocupa as famílias.

O prédio recebeu hoje (5) a visita da equipe da Defensoria Pública de São Paulo, como parte da programação da Semana Nacional do Direito à Moradia. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Habitação e Urbanismo da defensoria, Luiza Lins Veloso, a Caixa Econômica Federal concordou com a reforma do local para que seja transformado em moradia popular.

Segundo Luiza, há apenas uma exigência de que as famílias elaborem um laudo sobre a fundação do prédio. O coordenador da Frente de Luta por Moradia (FLM), Diego Andrade, disse que houve uma reunião com a prefeitura e o próximo passo é a emissão de uma carta de interesse de compra, além da negociação com os cinco proprietários.

O imóvel

O prédio da ocupação é o antigo hotel Columbia Palace, localizado na Avenida São João, número 588. Segundo as famílias, o lugar estava abandonado há 17 anos, acumulando entulho, sujeira e animais mortos.

Em 2010, o prédio foi ocupado pela FLM. Desde então, cinco ações de reintegração de posse foram movidas, todas suspensas.

São seis andares distribuídos entre 84 famílias. Cada andar têm apenas um chuveiro coletivo quente, para não sobrecarregar a rede elétrica. Alguns quartos têm chuveiro frio.

A instalação de energia foi feita pelos próprios moradores da ocupação.

No térreo, as famílias montaram uma biblioteca, uma área para atividades culturais como saraus e capoeira, além de uma horta e cisterna comunitárias.

“O objetivo aqui é mostrar que a ocupação vai além. Descriminalizar os movimentos, que são malvistos. Hoje, a gente pode ver que o trabalho deles é super sério, de organização”, disse a defensora Luíza, que acompanha mais de 100 casos semelhantes.

Moradores

Fábio Sento Sé Lopes, 42 anos, trabalha como ambulante, vendendo garrafas de água na Rua 25 de Março. Ele mora na ocupação com o filho de 23 anos. Fábio conta que já teve casa e carro, mas perdeu tudo. Usuário de crack por 15 anos, Fábio morou na cracolândia, mas hoje se apoia na religião para se manter distante do vício. “Entrei para a igreja e consegui me recuperar”, disse.

Outro morador, Mildo Ferreira, 33 anos, é professor de música. Ele vive há quatro anos no prédio.

“A gente aqui tem privilégios, com dois metrôs do lado, eu gasto sete minutos para chegar na faculdade, onde estudo Serviço Social, me formo ano que vem. É maravilhoso, se algum dia tiver de morar em outro lugar, seria ruim, me apeguei demais”, disse.

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