Trânsito de São Paulo: o estudo mostrou que, dentre as principais capitais do mundo, São Paulo (42,8 minutos) e Rio (42,6 minutos) só ficam atrás de Xangai (50 minutos). (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2013 às 12h19.
Brasília – O tempo médio que os moradores das principais capitais brasileiras demoram no trajeto casa/trabalho é relativamente maior, na comparação com regiões metropolitanas com mais de 2 milhões de habitantes de outros países. Em São Paulo e no Rio de Janeiro se leva 31% a mais de tempo no percurso. Os dados constam de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período entre 1992 e 2009.
O estudo mostrou que, dentre as principais capitais do mundo, São Paulo (42,8 minutos) e Rio (42,6 minutos) só ficam atrás de Xangai (50 minutos). No mesmo ranking, Recife e Distrito Federal ficaram à frente de capitais como Nova Iorque, Tóquio e Paris, com o demora de 35 minutos em média para chegar a população se deslocar de casa para o trabalho. As análises também teriam exposta uma queda na qualidade dos serviços de transporte público no país.
“Os dados apontam que tem havido piora nas condições de transporte urbano das principais áreas metropolitanas do país desde 1992, com um aumento nos tempos de viagem casa/trabalho. Esta piora nas condições de transporte parece estar relacionada a uma combinação de fatores, incluindo o crescimento populacional, a expansão da mancha urbana e o aumento das taxas de motorização e dos níveis de congestionamento”. Um exemplo recente se deu no Distrito Federal. O governo local passou a administrar várias linhas de uma empresa privada por conta de uma série de queixas da população.
O pesquisador Rafael Pereira, responsável pelo estudo, acredita que a grande quantidade de dados apresentados seja útil para que os governos possam pensar em formas de diminuir o tempo gasto pelos cidadãos no trânsito. Ele acredita, porém, que tais informações sejam apenas um ponto de partida. “Esperamos que esses dados sejam incorporados no debate sobre o tema nesses núcleos mais específicos. Eles seriam úteis para saber, por exemplo, se a as obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada seriam eficazes na resolução do problema de mobilidade urbana. Porém, não pode ser a única fonte de dados. É necessário um estudo específico em cada região”.
Na última terça-feira (12), o ministério das Cidades publicou a Portaria nº114/2013, criando um Grupo de Trabalho voltado para a criação de um Sistema de Informações em Mobilidade Urbana. De acordo com a Portaria, o objetivo é “ser referência nacional para a formulação de políticas públicas na área de mobilidade urbana”. O Grupo de Trabalho deverá contar com representantes da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (SNTMU), do Ministério das Cidades, do Ipea e da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), dentre outras entidades. O grupo deve ser instalado em, no máximo, 45 dias.