Domingos Montagner: ator morreu afogado no Rio São Francisco no último dia 15 de setembro (Divulgação/Rede Globo/Velho Chico)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 29 de setembro de 2016 às 19h26.
Brasília – Duas semanas após a morte do ator Domingos Montagner, documentos apontam novos fatos sobre o que pode ter contribuído para o afogamento do protagonista da novela Velho Chico, da TV Globo. No momento em que o ator mergulhava, em 15 de setembro, o fluxo de água liberado pela hidrelétrica de Xingó (SE) aumentou.
Segundo informações do site The Intercept Brasil, bombeiros que fizeram a operação de busca disseram que a primeira informação sobre o afogamento do ator foi enviada às 13h56. Naquele dia, entre 13h e 14h, houve um aumento no fluxo de água liberado pela barragem da usina, que fica 2 km rio acima da Prainha de Canindé.
De 814 metros cúbicos por segundo (m³/s), índice marcado às 13h, a barragem passou a jorrar 913 m³/s, às 14h. Às 15h, o volume liberado já era de 970 m³/s e, uma hora depois, começou a ser gradativamente reduzido.
As informações são da própria Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), responsável pela operação da hidrelétrica. Após ser questionada, a empresa enviou os dados para Brent Millikan, especialista em barragens e diretor da ONG International Rivers no Brasil.
Os dados, porém, não servem como provas para relacionar o afogamento de Montagner com o aumento da vazão da usina.
De acordo com a vazão da usina de Xingó, a velocidade da água aumenta, tornando-se difícil até mesmo para as embarcações que transitam no local.
A EXAME.com, a Chesf ressaltou que, em 15 de setembro, a operação da Usina de Xingó foi realizada conforme programação de geração definida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para atendimento ao consumo de energia elétrica da Região Nordeste.
Segundo a companhia, na data do afogamento de Montagner, não houve nenhuma operação extraordinária, “tendo sido similar a dos dias anteriores e posteriores neste mês de setembro, respeitando-se os condicionantes estabelecidos para operação da usina”.
“A Chesf avalia que a tentativa de relacionar o trágico desaparecimento do ator aos valores de vazão da Usina de Xingó é mera especulação sem qualquer fundamentação técnica”, afirmou a Chesf para EXAME.com, em nota.