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“Monotrilho é desastre urbanístico”, diz Haddad

Segundo o prefeito, as obras do monotrilho são um problema urbanístico "gravíssimo", que formam "novos Minhocões na cidade"

Haddad: "É uma tecnologia que não foi adotada por nenhum país civilizado", disse prefeito (Flickr/Fernando Haddad)

Haddad: "É uma tecnologia que não foi adotada por nenhum país civilizado", disse prefeito (Flickr/Fernando Haddad)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 20h21.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta terça-feira, 6, que não comentaria a declaração do prefeito eleito João Doria (PSDB), feita na segunda-feira, 6, de que "a cidade é um lixo vivo".

Embora tenha evitado críticas a Doria, o petista não poupou o governo estadual, afirmando que há falhas no combate aos pancadões, que a ação "desastrada" da polícia em 2012 levou ao espalhamento da cracolândia e que as obras do monotrilho favoreceram o aumento de usuários de crack e moradores de rua na cidade.

"O monotrilho é um pequeno desastre urbanístico e econômico. É uma tecnologia que não foi adotada por nenhum país civilizado", disse Haddad.

Segundo o prefeito, as obras do monotrilho são um problema urbanístico "gravíssimo", que formam "novos Minhocões na cidade". E que representam um transporte "extremamente ineficiente".

"Veja há quantos anos as duas estações estão fazendo teste. Já são mais de dois anos em teste e não temos nenhum horizonte de solução desse problema", afirmou.

Para Haddad, esse atraso acabou acarretando uma "certa desfuncionalidade" nas regiões das obras do modal, tanto na Avenida Jornalista Roberto Marinho quanto na Avenida Anhaia Melo.

Doria havia declarado na segunda, em evento na Fecomercio, que "antes tinha uma Cracolândia na cidade com 400 usuários e hoje são 3 mil, espalhados por seis cracolândias".

Questionado, Haddad disse: "Não sei com base em que ele (Doria) está dizendo isso. Ele está chegando agora e vai se familiarizar com os dados."

O prefeito atribuiu o espalhamento dos usuários nas ruas da cidade à ação "desastrada" da Polícia Militar em janeiro de 2012. Haddad disse que, quando assumiu o mandato em 2013, havia 27 pontos de consumo na cidade.

"Tínhamos um local (de uso de crack) na Luz e com aquela ação desastrada ela (cracolândia) se espalhou para 27 pontos, mas isso em 2012. Não é uma coisa de agora. Na verdade, vem reduzido o número de pontos", disse Haddad, sem informar o número atual de pontos.

Pancadões

No mesmo evento da Fecomércio, Doria disse também que os pancadões são financiados pelo PCC. Haddad diferenciou baile funk de pancadão - o primeiro, segundo o prefeito, é apoiado pela Prefeitura em horário e local definido.

Já sobre os pancadões, o petista concordou com Doria, afirmando que "há apoio do tráfico de drogas". Mas criticou a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB): "O pancadão está proibido por lei estadual. Mas a lei estadual não é cumprida pelo governo do Estado. Está sancionada há bastante tempo e, infelizmente, não vem sendo cumprida pelo governo do Estado. Então é preciso verificar quais são as responsabilidades de cada esfera de governo", afirmou.

Transporte

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos disse que, "ao contrário do que informou o prefeito Haddad, o sistema monotrilho foi implantado e opera há décadas em países como Japão, China, Austrália e Estados Unidos exatamente pelos benefícios do modal".

A nota cita como benefícios desse tipo de sistema de transporte "a utilização de via elevada, sem necessidade de escavação e construção de túnel; os custos menores com menos desapropriações; as estruturas de concreto pré-moldado instaladas em canteiros centrais de avenidas, gerando pouca interferência no viário; o transporte elétrico, ecologicamente limpo e com impactos ambientais e sonoros reduzidos".

A Secretaria de Transportes Metropolitanos ressalta ainda que "todas as obras contam com seguranças uniformizados, que fazem rondas de moto e em postos fixos. Os canteiros de obras estão isolados por tapumes. A presença de moradores de rua e usuários de drogas é uma questão social diretamente afeta à municipalidade, a quem cabe a responsabilidade de implantação de programas sociais de atendimento".

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