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Mobilização conseguiu manter prédios em torno do Maracanã

Proposta de concessão do estádio, apresentado em outubro do ano passado, previa demolição de quase todas as construções na área, menos do Ginásio Maracanãzinho

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2013 às 17h14.

Rio de Janeiro - A intensa mobilização social ao longo do ano levou o governo a desistir dos planos originais para os prédios em torno do estádio do Maracanã. A proposta de concessão do estádio, apresentado em outubro do ano passado, previa a demolição de quase todas as construções na área, menos do Ginásio Maracanãzinho.

O Parque Aquático Júlio Delamare, o Estádio de Atletismo Célio de Barros, a Escola Municipal Friedenheich e o antigo Museu do Índio viriam abaixo.

Deste último, o governo desistiu, em janeiro, da derrubada depois de diversas manifestações de indígenas. Em 2007, os equipamentos esportivos receberam R$ 100 milhões do governo federal para reformas e adequação para os Jogos Pan-Americanos. E, desde então, os recursos públicos no Complexo do Maracanã chegaram a R$ 1,2 bilhão.

Após o anúncio do projeto de concessão do Maracanã e a ameaça de demolição, começou a mobilização social. Uma grande manifestação ocorreu logo na audiência pública de concessão do Estádio, em novembro de 2012. Foram organizadas diversas passeatas e atos em defesa dos equipamentos esportivos.

O Célio de Barros e o Júlio de Lamare foram fechados em março, deixando cerca de 250 atletas sem local para treinar, além de idosos e crianças sem aulas.

Ações da Defensoria Pública, pedidos de tombamento do patrimônio e notas de apoio foram feitas ao longo do ano. Até que, em 29 de julho, o governador Sérgio Cabral desistiu da demolição do parque aquático, anunciando em seguida, as mudanças de planos para o estádio de atletismo, em 2 de agosto, e da escola, no dia 5 de agosto.

Também em agosto, a prefeitura do Rio decidiu tombar como patrimônio da cidade a Escola Friedenheich e o antigo Museu do Índio, além de revogar o decreto que retirava o tombamento o Célio de Barros e Júlio de Lamare.


O novo plano de viabilidade do Complexo Maracanã foi entregue pela Concessionária vencedora da licitação, formada pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG, ao governo do Rio no fim de agosto, mas, segundo a Casa Civil estadual, o documento ainda está sendo analisado.

Representante do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, o professor Demian Castro lembra que os movimentos sociais conseguiram uma grande vitória com a decisão do governo de não demolir os equipamentos, mas o destino deles ainda é incerto.

“Apesar de ter tido grande vitória, que foi a não demolição disso tudo, ainda não existe garantia sobre o destino disso. A gente quer o diálogo, a gente quer participar disso, a gente quer um outro Maracanã, não o do consórcio. Então a gente quer a anulação da privatização, um estádio público e popular, onde todas as pessoas envolvidas com o estádio, torcedores, pessoas que participam, que utilizam diferentes equipamentos no entorno, participem dessa gestão.”

O Parque Aquático Júlio de Lamare foi reaberto no início de novembro, com o retorno dos alunos de natação e hidroginástica e dos atletas de nado sincronizado, saltos ornamentais e natação.

De acordo com o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes Filho, os treinos das equipes olímpicas foram retomados, mas as melhorias prometidas não foram feitas.

“O negócio está meio complicado, porque não está definido pelo governo quem é que manda ali, se são as empresas que ganharam a licitação ou é o estado. Eu fiz aquelas passeatas, e ele [o governo] resolveu não destruir. Parou aí, não fez mais nada.”

De acordo com ele, há a promessa da instalação de um placar eletrônico e da reforma no tanque seco para o treinamento de saltos ornamentais. Segundo a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), a licitação para essas obras deve ser finalizada em março, com prazo de mais dois meses para a execução.

A Escola Friedenheich não chegou a ser fechada e o ano letivo transcorreu normalmente, de acordo com o professor Carlos Sandes, que integra a comissão de pais, alunos e ex-alunos da escola.

“A resistência dos pais, a resistência da comunidade aqui foi muito determinante para a escola permanecer aqui. Hoje a escola já foi reconhecida pela Câmara de Vereadores como patrimônio educacional e social. Mas nós não estamos satisfeitos, nós sabemos que todo esse complexo aqui é histórico, é cultural e faz parte da alma do carioca, da alma do povo do Rio de Janeiro.”

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