Tarifas de Trump: senadores vão aos EUA para tentar melhorar a relação entre o governo americano e o brasileiro (Mandel Ngan/AFP)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 24 de julho de 2025 às 11h19.
Última atualização em 24 de julho de 2025 às 12h08.
A missão dos senadores brasileiros nos Estados Unidos, que desembarca no país na próxima semana, às vésperas do início das tarifas de 50%, quer "abrir portas" para o governo brasileiro negociar com o presidente americano Donald Trump.
Em entrevista à EXAME, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), afirmou que os parlamentares não têm a "caneta" para negociar com o governo americano.
A ideia é melhorar a relação da gestão Trump por meio de interlocução com deputados e senadores americanos.
"Nós vamos trabalhar para aprimorar e criar um azeitamento da relação entre o Brasil e os Estados Unidos, por meio dos parlamentares que têm acesso ao governo americano, para que eles possam ajudar a abrir portas, no sentido de facilitar negociações, como foi feito com outros países", disse Trad.
Presidente da CRE, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), defende abrir portas para o governo brasileiro em viagem de senadores (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Segundo Trad, a ideia é que, após a viagem dos senadores, os Estados Unidos sentem à mesa de negociação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Até o momento, a gestão petista afirma que não teve abertura para negociar com os americanos.
"Nas vezes em que precisaram de nós, como quando foi discutido aqui o projeto de Alcântara, no Maranhão, eles vieram e sempre fomos receptivos. Nunca deixamos de manter a elegância e a diplomacia no relacionamento parlamentar. Agora é nossa vez de bater na porta deles. Eles entenderam isso e estão prontos para nos receber", afirmou.
A missão em Washington, nos Estados Unidos, vai acontecer entre os dias 28 e 30 de julho. A nova tarifa deve começar a valer em 1º de agosto. Devem participar da missão oito senadores, entre nomes do governo e da oposição.
Trad afirmou que a missão tem apoio do governo Lula. Na quarta-feira, 23, os senadores da comissão se reuniram com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para receber informações e direcionamentos técnicos sobre a viagem.
"Ele teve uma conversa técnica, demonstrando total apoio à nossa missão. Aberto, ele franqueou a embaixada brasileira como nosso ponto de encontro, o que foi muito importante", disse.
O senador disse que a embaixadora Maria Luiza Viotti conversou com os senadores e se colocou à disposição para apoiar a missão.
O presidente da comissão afirmou ainda que os parlamentares vão se reunir com empresários americanos que têm negócios no Brasil e brasileiros que tem negócios nos Estados Unidos.
"A partir do momento em que fizermos esse gesto, ele vai repercutir lá. Vamos encontrar empresários americanos com negócios no Brasil e empresários brasileiros com negócios nos Estados Unidos. Isso será muito positivo, porque, olha, ficar indiferente a essa questão não será mais possível após nossa missão. Vamos fazer um gesto que não termina com esta viagem", disse.
Como a EXAME mostrou, deputados e empresários americanos já pediram isenção de tarifas para o café, por exemplo.
A tarifa anunciada por Trump ao Brasil teria um impacto significativo para os consumidores da bebida do país — e o lobby setorial se organiza para tentar isentar o produto da sobretaxação.
Questionado sobre se a votação da PL anistia seria utilizado como um instrumento de negociação, Trad não entrou em detalhes e afirmou que é preciso ouvir quais são as demandas do governo americano.
"Olha, precisamos ouvir o que vem de lá para cá. Só assim vamos saber, porque é fundamental ouvir. É para isso que estamos indo", disse.
Quando anunciou a tarifa de 50% para o Brasil, Trump acusou o país de perseguir Bolsonaro e pediu que as ações contra o ex-presidente fossem suspensas.