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Ministro recebe defensores de aplicação retal de ozônio para tratar covid

Segundo médicos, medida não tem nenhuma comprovação científica

Eduardo Pazuello: ministro interino da Saúde recebeu defensores do uso do ozônio como forma de tratamento para o novo coronavírus (Facebook/Reprodução)

Eduardo Pazuello: ministro interino da Saúde recebeu defensores do uso do ozônio como forma de tratamento para o novo coronavírus (Facebook/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de agosto de 2020 às 19h52.

Última atualização em 5 de agosto de 2020 às 20h06.

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu na segunda-feira, 3, defensores do uso do ozônio como forma de tratamento para o novo coronavírus. O deputado Giovani Cherini (PL-RS) participou do encontro e apresentou o projeto de tratamento da ozonioterapia em pacientes com covid-19. A prática ganhou notoriedade após o prefeito de Itajaí, Santa Catarina, Volnei Morastoni, defender a aplicação de ozônio, pelo ânus, em casos que tiveram diagnóstico do novo coronavírus.

Segundo Cherini, hospitais do Rio Grande do Sul já estão implantando a ozonioterapia como opção de tratamento. “Um deles é o do Hospital Vila Nova, de Porto Alegre”, afirma. O grupo foi liderado pela médica Maria Emília Gadelha Serra. Nas redes sociais, ela comemorou: “Ozonioterapia na Saúde!”, em foto ao lado de Pazuello.

Participaram da reunião o assessor parlamentar da pasta, Gustavo Machado Pires, e o diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges), Vinícius Nunes Azevedo.

Também estiveram com o ministro os deputados Osmar Terra (MDB-RS), e Darsísio Perondi, além de Airton Antônio Soligo, conhecido como Airton Cascavel, assessor especial do ministro.

Preocupação

Médicos também analisam com preocupação a aplicação retal de ozônio como tratamento para pacientes com covid-19. "Esta medida não tem nenhuma evidência científica. Até o momento, não temos nenhum medicamento comprovadamente eficaz e seguro nem para a prevenção nem para o tratamento da doença", afirma Leonardo Weissmann, consultor da SBI.

Segundo o infectologista, ações preventivas continuam sendo fundamentais para reduzir o número de casos. "Medidas de distanciamento de 1,5 a 2 metros entre as pessoas, o uso de máscaras de proteção facial por todos, além de lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou usar o álcool em gel a 70%."

"Se alguém sugere algum tratamento fora do usual, precisa ter justificativa técnica que explique o tratamento. Os experimentos com ozônio não têm nenhuma base científica ou lógica que consigam explicar sua ação no coronavírus", avalia Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da SBI e professor da Santa Casa de Vitória.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) afirmou que médicos estão proibidos de prescrever ozonioterapia dentro de consultórios e hospitais por força de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM nº 2.181/2018). "A exceção pode acontecer em caso de participação dos pacientes em estudos de caráter experimental, com base em protocolos clínicos e critérios definidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa", indicou o órgão em nota.

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