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Ministro propõe 'pacto federativo' da educação

Para Unger, é preciso "tirar a camisa de força" que limita a educação nacional e acabar com a tradição do enciclopedismo raso e informativo


	Sala de aula: o ministro afirmou ser necessária uma revisão curricular, enxugando o número de disciplinas e mudando o foco do ensino e do aprendizado
 (Getty Images)

Sala de aula: o ministro afirmou ser necessária uma revisão curricular, enxugando o número de disciplinas e mudando o foco do ensino e do aprendizado (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2015 às 13h07.

Brasília - Responsável por assessorar a Presidência da República na condução do lema deste segundo governo de Dilma Rousseff, "Brasil: Pátria Educadora", o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, defendeu na manhã desta quarta-feira, 29, a mudança no modo de ensino praticado no País e o estabelecimento de uma espécie de pacto federativo da educação.

Ele participa de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

"Avançamos muito na ampliação ao acesso ao ensino básico. Agora, porém, a onda de ampliação do acesso precisa ser seguida por uma onda de qualificação. A qualidade é o nosso foco imediato", disse Unger.

"É preciso mudar a maneira de aprender e ensinar no Brasil. A tradição é de enciclopedismo raso e informativo. Nosso ensino tem sido baseado na decoreba e fixado na enciclopédia. O melhor aluno é como se fosse aquele que conseguisse decorar a enciclopédia", afirmou o ministro.

Para Unger, a natureza do Brasil é diferente e, por isso, é preciso "tirar a camisa de força" que limita a educação nacional. "O Brasil é uma grande anarquia criadora. O atributo mais importante do nosso País é a sua vitalidade", disse o ministro.

"Precisamos reorientar as diretrizes da educação do Brasil, triando a camisa de força e instituindo uma maneira de aprender e ensinar que privilegie as capacitações mais que os dogmas e até mais que os conteúdos".

O ministro afirmou ser necessário fazer uma revisão curricular enxugando o número de disciplinas e mudando o foco do ensino e do aprendizado. Para Unger, o foco devem ser as competências analíticas, em especial, interpretação de texto e raciocínio lógico.

"Quero libertar a genialidade brasileira", afirmou. "O conteúdo é muito menos importante. O que vale é que ele seja abordado com profundidade", disse o ministro. "Aprende-se fazendo, criticando e criando. E, para isso, é preciso haver profundidade. Profundidade conta mais que abrangência. Um ensino mais organizado em torno de projetos que de conteúdos consagrados".

Cooperação federativa

O ministro defendeu também a criação de uma espécie de pacto federativo para a educação semelhante ao que acontece na saúde com o SUS, que define atribuições complementares a municípios, Estados e União.

"Não temos na educação um desenho institucional análogo ao sistema unificado da saúde. Mas temos no regime legal e constitucional brechas, aberturas, oportunidades para a organização da cooperação federativa", afirmou.

A função da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República é pensar e propor mudanças no sistema de educação nacional. A execução, no entanto, fica a cargo do Ministério da Educação.

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