Marcelo Álvaro Antônio: ministro do Turismo era presidente da Comissão Executiva Estadual do PSL em Minas Gerais durante as eleições de 2018 (Geraldo Magela/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2019 às 06h17.
Última atualização em 3 de setembro de 2019 às 06h41.
São Paulo — O escândalo de candidaturas laranjas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, volta à pauta em Brasília, desta vez no Senado.
Nesta terça-feira 3, a Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle (CTFC) ouve o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que vai prestar esclarecimentos sobre as denúncias de que o partido usou a candidaturas de mulheres para desviar recursos do fundo eleitoral.
A audiência pública, marcada para as 10h, foi requerida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Para justificar o pedido, o senador indicou as reportagens de fevereiro do jornal Folha de São Paulo que mostraram que sete candidatas aos cargos de deputadas estaduais e federais pelos estados de Minas Gerais e Pernambuco receberam 679 mil reais do partido, mas obtiveram resultado baixíssimo nas urnas.
Não há evidência de que elas tenham feito campanha e o dinheiro repassado foi gasto em empresas ligadas a políticos do PSL.
Para o senador Rodrigues, “a reduzida quantidade de votos é um forte indicativo” de que as candidaturas foram registradas apenas para cumprir a determinação legal de 30% de candidaturas e de recursos destinados para a participação feminina nas eleições.
Uma das candidatas registrou boletim de ocorrência em que acusa assessores do atual ministro do Turismo de cobrar a devolução de metade do valor repassado pelo fundo eleitoral. Álvaro Antônio, que na época era presidente da Comissão Executiva Estadual do PLS em Minas Gerais, nega que tenha cometido qualquer irregularidade nas eleições. Ele é investigado pelo Ministério Público em Minas Gerais e pela Polícia Federal pelo caso.
No dia 10 de agosto, também em audiência no Senado, promovida pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo sobre turismo regional, o ministro negou que as acusações sobre as candidaturas. “Sempre agi estritamente dentro da legislação eleitoral à frente do partido em Minas. Nunca fiz qualquer procedimento inadequado que pudesse macular a imagem do partido ou a minha”, afirmou.
O escândalo dos laranjas levou à queda do ministro Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. Durante as eleições, ele presidia o PSL e assinava os repasses do fundo partidário.
Bebianno alega que não tinha conhecimento do caso e que os culpados são os líderes regionais do PSL: Álvaro Antônio, em Minas, e o atual presidente do PSL, Luciano Bivar, em Pernambuco.
Enquanto o caso segue sendo investigado, o governo evita dar explicações sobre o tema e mantém Antônio à frente do Turismo. Bivar também na presidência do PSL.