Brasil

Ministro diz que há 'excesso de voluntarismo' de Ibama e Funai

Para Ricardo Salles, órgãos têm agido de forma subjetiva e "distantes da realidade" ao tratarem de temas como autuações ambientais e fiscalizações

Ricardo Salles: Ministro participou de seminário sobre temas indígenas (Jales Valquer/Folhapress)

Ricardo Salles: Ministro participou de seminário sobre temas indígenas (Jales Valquer/Folhapress)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 19h25.

Brasília - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticou as ações realizadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo próprio Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que está vinculado ao MMA. Segundo o ministro, os órgãos têm agido, muitas vezes, de forma subjetiva e "distantes da realidade", ao tratarem de temas como autuações ambientais e fiscalizações.

"Há um excesso de voluntarismo, de ingerência da Funai e do Ibama nessas situações", disse Ricardo Salles, ao participar de um seminário sobre temas indígenas realizado pelo Ministério Público Federal.

Salles citou a situação dos índios parecis, etnia que vive em Mato Grosso e que produz soja. Essa comunidade indígena vinha produzindo com a parceria de agricultores, mas fez um termo de ajuste de conduta (TAC) para que passasse a plantar de forma independente.

O ministro disse que eles acabam de ser multados por uso de grãos geneticamente modificados. "Os parecis foram autuados de maneira injusta. Estão tolhendo o desejo deles de participarem da agricultura empresarial", comentou. Segundo Salles, os índios disseram que fizeram o TAC, cumpriram o prazo, capacitaram seus povos sem a participação dos parceiros de fora, mas foram impedidos de prosseguir. "Por causa de uma interpretação do órgão ambiental, deram uma infração de quase R$ 130 milhões contra uma comunidade indígena", disse Salles.

"O que fazer com uma tribo que quer trabalhar na agricultura e que se capacitou para isso? Os parecis foram autuados porque tinham um organismo geneticamente modificado e não tinham licença ambiental, uma licença que não tinha sido exigida. Passou-se 12 anos fazendo vista grossa e agora se exige isso", disse.

Ao falar para uma plateia formada por representantes de instituições defensoras dos direitos dos povos indígenas e representantes do MPF que atuam a favor desses povos, Ricardo Salles disse que "não há nada mais prejudicial do que desvirtuar a política pública da realidade" e que "cenários hipotéticos não ficam de pé quando colocamos de frente à realidade".

"Nos últimos anos tivemos a comprovação de que a gestão irrealista e ineficiente de recursos públicos só casou malefícios à consecução dos objetivos estatais", disse Salles, ao lado do ex-ministro do Meio Ambiente Sarney Filho. "Muitas das atividades que ocorrem nas áreas indígenas decorrem da total distância do tamanho do território e da capacidade do Estado. Melhor seria se nós tivéssemos noção realística de quais são os critérios demarcatórios."

O ministro disse ainda que a delegação de especialistas para definir demarcações de terras não pode ignorar que, "por trás da caneta, há um ser humano falível" e que pode chegar a conclusões equivocadas. "Esse processo não é algo inconteste. Precisamos realmente ter muito critério do que fazemos. Precisamos aproximar teoria e prática. Estamos falando de extensões enormes, maiores que muitos países do mundo. É preciso debater sem medo do debate ideológico, do politicamente correto."

Acompanhe tudo sobre:FunaiIbamaMeio ambiente

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas