Salles: o ministro criticou a gestão anterior e disse que ela funcionava porque "não tinha foco" (Rafael Carvalho/Governo de Brasília/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de janeiro de 2019 às 11h22.
Última atualização em 28 de janeiro de 2019 às 12h07.
São Paulo - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu na manhã desta segunda-feira, 28, a simplificação da legislação apenas para os projetos de baixo impacto ambiental para que os órgãos de fiscalização e controle consigam focar nos empreendimentos mais complexos.
As declarações foram dadas em entrevista à Rádio Eldorado, que, em cobertura especial, também ouviu a ex-ministra Marina Silva e o promotor Guilherme de Sá Meneghin - que atuou na defesa das vítimas do desastre de Mariana, em 2015.
"Precisamos de objetividade e centralidade para fazer com que as coisas aconteçam de maneira efetiva. (Hoje), recursos humanos que deveriam estar focados nas questões de médio e alto risco estão sendo dispersos (em questões menores). Precisamos de legislação que funcione, licenciamento que funcione", afirmou.
Salles disse ainda que o modelo anterior de gestão não funcionou porque não tinha foco, já que colocava no mesmo patamar projetos de baixo, médio e alto impactos.
"(Isso) está desvirtuando e tornando ineficientes os trabalhos de fiscalização. Quando a esquerda vem com o discurso de descuido ambiental (da direita), eu não admito porque o que aconteceu em Brumadinho é consequência da visão deles. É uma legislação tão complexa e irracional que não funciona".
Questionado sobre qual alerta a tragédia de Brumadinho traz, Salles destacou que é "para toda a sociedade" e disse que a fiscalização e a licença foram concedidas pelo governo do PT, "de esquerda".
Perguntado se não é um erro adotar esse discurso como oficial do governo, o ministro negou. "Não é discurso oficial, tanto que não é dessa forma que estamos agindo", respondeu, ressaltando a agilidade das ações tomadas pelo governo.
"Fizemos o que estava ao alcance e continuamos fazendo. Aplicamos de maneira rigorosa a multa de R$ 250 milhões", afirmou.
Salles defendeu a "unicidade" no processo de licenciamento ambiental e fiscalizatório. Disse, ainda, que pouco foi aprendido com a tragédia de Mariana, em Minas, ocorrida em novembro de 2015.