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Se índio quer garimpo, vamos atender a esse pedido, diz Bolsonaro

Presidente e ministro defenderam o fim de demarcações de terras indígenas afirmando, sem apresentar comprovações, haver fraudes no processo

Bolsonaro e Augusto Heleno: presidente e ministro falaram sobre crescimento do Brasil no segundo trimestre (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Bolsonaro e Augusto Heleno: presidente e ministro falaram sobre crescimento do Brasil no segundo trimestre (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 21h05.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 21h14.

Em transmissão nas redes sociais nesta quinta-feira, 29, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a defender que não há anormalidade nas queimadas da Amazônia e que, se depender dele, novas demarcações de terras não serão feitas.

O presidente reiterou que "queremos legalizar garimpo". Disse ainda que, "se o índio quer (garimpo), vamos atender interesse do índio".

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, o general da reserva do Exército Augusto Heleno, também defendeu a revisão de todas as demarcações de terras indígenas, e alegou haver indícios de fraudes em várias delas.

Na transmissão feita semanalmente ao vivo nas redes sociais pelo presidente, Heleno disse que há denúncias de que a demarcação de algumas áreas foi feita com base em laudos forjados.

"Essas demarcações merecem ser todas revistas, uma vez que há provas, de dentro da própria Funai, denúncias de demarcações fraudulentas para terras indígenas. Tem demarcações que foram forjadas, muito aumentada na sua extensão por gente interessada em lucrar com isso. Então isso precisa ser muito bem estudado", disse o ministro, sentado do lado de Bolsonaro, durante a transmissão.

Sem dar detalhes, ele citou a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, como um caso em que, segundo ele, ficou "praticamente comprovado" que a demarcação se baseou em um laudo fraudulento.

"Essas terras precisam ser devidamente demarcadas de acordo com a realidade. E a partir daí, vamos pensar se vale a pena", acrescentou o general, que disse que tem recebido no Palácio do Planalto indígenas que têm pedido para serem integrados na sociedade brasileira.

Na transmissão, Bolsonaro voltou a afirmar que não assinará a demarcação de nenhuma nova área indígena. O presidente aproveitou reunião com governadores da região amazônica nesta semana, marcada para discutir os incêndios florestais na Amazônia que geraram forte pressão internacional sobre o Brasil, para criticar as demarcações de áreas indígenas, quilombolas e de reservas florestais.

Assim como fez durante a reunião, Bolsonaro voltou a afirmar durante a transmissão que as demarcações dessas áreas visam inviabilizar o Brasil.

Bolsonaro disse ainda que o presidente da França, Emmanuel Macron, fez um escarcéu e o acusou de mentiroso na reunião do G-7. "E depois duas coisas gravíssimas. Colocou em jogo a nossa soberania na Amazônia". O presidente afirmou também que "o Brasil vale mais que US$ 20 milhões", em referência ao recurso oferecido pelo G-7 para conter a crise ambiental na floresta.

Bolsonaro disse que terá reunião em Letícia, na Colômbia, com países amazônicos para pensar em plano sobre desenvolvimento da floresta e soberania dos países que compartilham a região.

Resultado "bem-vindo"

Na live semanal, Bolsonaro comemorou o crescimento de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano. Segundo Bolsonaro, o crescimento, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é "muito bem-vindo".

Ele e Augusto Heleno lembraram que algumas projeções apontavam para um porcentual menor de expansão para o PIB do trimestre encerrado em junho. Heleno, por sua vez, destacou que "essa taxa de crescimento cortou a ideia de que estávamos a caminho da recessão".

"Não sei o que será desse trimestre que já começou, mas o 0,4% é muito bem-vindo", ressaltou o presidente mais de uma vez na transmissão semanal.

Ainda sobre o crescimento da economia, Heleno disse que as pessoas precisam entender que, acima de "interesses pessoais, das vontades de cada um e de conchavos existe um País que tem tudo para ser grande". "A gente não se convence de que se precisa colocar interesse nacionais acima dos interesses pessoais", disse.

O ministro destacou que é preciso que se consiga que a população pense desta maneira, os políticos pensem desta maneira e o poder judiciário encare isso como desafio para modernizar o País. "Se não tivermos essa consciência, levaremos muito mais tempo para chegarmos no lugar onde podemos chegar em pouco tempo."

Heleno ainda disse que a recuperação do Brasil será mais rápida do que ele imagina. "Não dá para frear o desenvolvimento do Brasil. Tentaram, tentaram, tentaram e o Brasil sai do buraco e mostra o seu potencial", destacou.

O presidente Bolsonaro aproveitou para falar dos cortes de gastos que foram promovidos no segundo trimestre, dizendo que esses gastos foram menores do que nos primeiros três meses do ano. "Estamos fechando os gargalos. Os gastos públicos diminuíram sobre o primeiro trimestre, estamos fazendo tudo para que não haja desvios", afirmou.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

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