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Ministro da Saúde vai ao Maranhão entregar testes de Covid-19

No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro participou, sem máscara, de ato com motociclistas no Rio de Janeiro

Ministro da Saúde Marcelo Queiroga (Myke Sena/MS/Flickr)

Ministro da Saúde Marcelo Queiroga (Myke Sena/MS/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de maio de 2021 às 21h04.

Última atualização em 31 de maio de 2021 às 11h59.

No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou, sem máscara, de ato com motociclistas e provocou aglomeração no Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, viajou ao Maranhão para entregar 600 mil testes de detecção da covid-19, que serão usados em barreiras sanitárias contra a disseminação da variante indiana do vírus, detectada no Estado.

Em São Luís, Queiroga se reuniu com o governador Flávio Dino (PCdoB), desafeto de Bolsonaro, e pregou integração no trabalho de combate à doença.

"Vamos trabalhar juntos, de forma articulada, para prover a segurança necessária, para transmitir à nossa população o que ela precisa: confiança nos seus gestores, confiança no ministro, no secretário estadual de Saúde, no secretário municipal de Saúde, porque estamos trabalhando juntos pelo povo do Brasil", afirmou Queiroga, sem fazer qualquer menção ao ato promovido mais cedo pelo presidente.

O atual ministro é defensor de medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscaras, para conter o avanço do novo coronavírus. Contudo, não repreende a postura de Bolsonaro, crítico dessas estratégias. Senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid já falam em convocar Queiroga para novo depoimento, dado o desrespeito de Bolsonaro às medidas pregadas pelo próprio Ministério da Saúde.

No Maranhão, Queiroga e Dino se encontraram no porto do Itaqui, em São Luís, capital do Estado. Durante a visita, eles acompanharam a testagem de funcionários para a detecção da covid-19. No sábado, 22, a Saúde anunciou o envio dos testes rápidos de antígeno e prometeu uma estratégia de busca ativa de novos casos em aeroportos, rodoviárias e principais estradas no Maranhão, a ser replicada também em outras cidades do País.

Em caso de teste positivo, o indivíduo será submetido ao teste do tipo "RT-PCR", considerado padrão-ouro na detecção da doença. Confirmado o diagnóstico, o material será submetido à avaliação genômica para identificar a variante responsável pela contaminação. O paciente, por sua vez, deverá cumprir isolamento.

Para tentar reduzir o risco de propagação da nova cepa indiana, mais transmissível, o ministro da Saúde informou que o Maranhão receberá 5% a mais de doses de vacinas. Os imunizantes serão utilizados nas cidades de São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, que compõem a Ilha de São Luís.

Queiroga e Dino também sobrevoaram o navio MV Shandong da Zhi, que trouxe da Malásia, por meio de tripulantes, os seis primeiros casos da variante indiana do novo coronavírus, também chamada de B 1.617. A embarcação chegou ao Maranhão no dia 14 de maio e está atracada a 50 quilômetros da costa.

Dino destacou que manterá diálogo administrativo com o governo federal e os municípios. O governador disse ainda que disponibilizou servidores e órgãos do governo para auxiliar nas ações de monitoramento em áreas federais, como portos e aeroportos. "Consideramos ser justa a necessidade de medidas além daquelas que o governo do Estado já vem liderando. A entrega desses testes nos ajudará para que possamos ampliar a testagem. Ao mesmo tempo, coloquei governo estadual à disposição do governo federal para ajudar nas áreas federais", afirmou.

O encontro entre o ministro e o governador ocorreu um dia após os dois trocarem farpas nas redes sociais. Após a entrevista coletiva em que o Ministério anunciou medidas para tentar conter a nova variante, Flávio Dino disse não ter sido consultado para discutir as estratégias.

Em resposta, Queiroga deu outra versão. "Ao contrário do que afirma, conversei com o secretário (estadual de Saúde) Carlos Lula, por telefone, e o convidei para a coletiva. No entanto, ele informou que o senhor não autorizou a participação dele. Este deve ser um momento de união. Nosso único inimigo é o vírus", escreveu o ministro.

Dino rebateu. "O secretário Carlos Lula não foi ouvido sobre nada. E claro que ele não se dispôs a ser enfeite em coletiva. Estamos sempre à disposição para diálogos sérios. E espero que o presidente da República ouça suas recomendações, passe a usar máscaras e evitar aglomerações", disse o governador, ainda no sábado.

Multa

O próprio presidente Jair Bolsonaro esteve na sexta-feira, 21, no Maranhão para participar de uma cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural em Açailândia, a 526 quilômetros da capital. Já na capital, uma multidão o esperava no Aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado. Bolsonaro foi visto sem máscara e provocou aglomerações enquanto posava para fotos. A interação com os apoiadores foi transmitida ao vivo pelas redes sociais.

O episódio levou o governo do Maranhão a multar Bolsonaro por descumprir as medidas sanitárias para enfrentamento da pandemia em vigor no Estado. O auto de infração cita como irregularidades a falta do uso de máscara de proteção facial e a promoção de evento com aglomeração. Em sua conta no Twitter, Dino afirmou que a lei é para todos e defendeu a aplicação da multa.

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