O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, companhado do Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, durante declaração à imprensa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
João Pedro Caleiro
Publicado em 13 de abril de 2020 às 10h49.
A pandemia de coronavírus mostra que o Brasil precisa reduzir sua dependência de importações de produtos médicos essenciais da Índia e da China, segundo o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva.
O general de quatro estrelas disse que o país deve considerar a saúde como uma área estratégica e aumentar a produção doméstica ou diversificar suas fontes de produtos médicos assim que a pandemia terminar.
“É necessária uma diversificação maior. O ministro da Saúde fala que somos dependentes de insumos da Índia em cerca de 90%. É uma dependência muito forte. Se acontece algum problema na Índia, como fica o Brasil para fabricar por exemplo, aspirina, novalgina? Não é só a parte do coronavírus”, disse Azevedo e Silva em entrevista por vídeo, destacando também a grande quantidade de importação de equipamentos médicos da China.
O Brasil, como a maioria dos países em que os casos do Covid-19 aumentaram rapidamente, está enfrentando escassez de máscaras, luvas e outros suprimentos médicos, enquanto a China e outros grandes produtores lutam para atender à demanda global que dispara.
Algumas compras da China “caíram” depois que os EUA fizeram grandes pedidos pelos mesmos suprimentos, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na semana passada.
Lutando por suprimentos
Em um incidente em particular, 600 respiradores encomendados da China pela Bahia foram parados nos EUA durante uma conexão no aeroporto de Miami. O fornecedor chinês cancelou unilateralmente o contrato com o governo estadual por “razões técnicas” e sem explicações adicionais, segundo a assessoria de imprensa da secretaria de saúde.
Em uma tentativa de estocar suprimentos médicos, o Congresso aprovou lei para proibir a exportação de aparelhos de respiração, máscaras, luvas, camas hospitalares e óculos médicos durante a pandemia. A medida ainda não foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Enquanto isso, o governo brasileiro está considerando a possibilidade de enviar aviões à China para buscar produtos médicos, informou o jornal Folha de S. Paulo.
“Agora estamos no meio do furacão”, disse o ministro da Defesa, “mas passado isso, teremos de rever alguns fundamentos, valorizar a produção interna, dar vantagens à produção interna. Não no sentido de protecionismo, mas ver o que é estratégico.”
Ele sugeriu que o governo deveria adotar um papel na indústria médica semelhante ao que desempenha no setor de defesa, em que fornece benefícios econômicos às empresas e mantém uma opinião sobre questões estratégicas e exportações.
Saúde e Empregos
Azevedo e Silva elogiou Bolsonaro por atuar para conter as mortes relacionadas ao coronavírus e ainda defender alguma atividade econômica para preservar empregos. “A linha de frente é da saúde, mas tem uma outra onda vindo aí que o governo está preocupado e ajudando, que é a parte do desemprego, das pequenas e médias empresas, do autônomo, do desempregado”, afirmou.
Quando questionado sobre questões de segurança relacionadas à escassez e ao desemprego, o ministro minimizou a possibilidade de tumultos ou saques.
“A gente não pode descartar, mas vejo como menos provável, no momento, pelas nossas análises, a tendência não é essa”, afirmou. “O brasileiro é muito solidário, se adaptou à quarentena, isso faz parte da índole do brasileiro, está na nossa cultura, na nossa forma de agir e pensar.”