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Ministro da AGU rebate crítica de governadores de direita sobre o 'tarifaço' dos EUA

Jorge Messias diz que Tarcísio, Ratinho Jr. e Caiado 'fingem ignorar' que responsabilidade sobre as sanções econômicas é da família Bolsonaro

Agência o Globo
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Publicado em 27 de julho de 2025 às 12h11.

O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, foi às redes sociais defender as negociações do governo Lula e rebater as críticas de governadores de direita sobre o tarifaço anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, a produtos brasileiros. Segundo ele, os possíveis adversários do petista nas urnas "fingem ignorar" que a responsabilidade pelas sanções econômicas é da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Reunidos há poucos dias num evento econômico para discutir preocupações sobre o tarifaço do Trump, governadores de direita apregoaram pacificação e unidade para enfrentar a ameaça. No entanto, fingem ignorar que os sérios prejuízos que as sanções econômicas podem causar ao povo brasileiro foram traiçoeiramente fomentadas pela família Bolsonaro, clã político apoiado por esses mesmos governadores", escreveu o ministro.

De acordo com ele, o governo federal está "trabalhando para impedir essa crise e proteger os empregos, o agronegócio e as empresas nacionais". Lula montou um comitê liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e pelo Itamaraty. Em evento numa comunidade de Osasco (SP), na sexta-feira (25), porém, o petista alegou que Alckmin faz ligações todo dia a autoridades dos Estados Unidos, mas "ninguém quer falar com ele".

O teor político do tarifaço ficou evidente com a carta enviada por Trump ao governo brasileiro. O presidente americano declara no documento que o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo no caso da trama golpista seria uma "vergonha internacional" e "não deveria estar ocorrendo". Trump justifica ainda a sobretaxa de 50% em cima dos produtos exportados ao país por conta de multas e "ordens de censura" contra empresas de mídia dos EUA — uma delas, a Rumble, da qual é sócio, moveu uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes. A carta menciona ainda, erroneamente, que a relação comercial do Brasil com os Estados Unidos seria "muito injusta", ignorando o superávit americano.

Messias se refere a um painel da corretora XP Investimentos realizado neste sábado (26), em São Paulo, e que teve participação dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). O trio, que tenta angariar o apoio de Bolsonaro para a disputa pela presidência em 2026 caso ele desista da candidatura estando inelegível, afirmou que o governo não está interessado em negociar com Trump e tem errado em apostar no discurso da defesa da soberania nacional.

— Alguém tem de sentar e conversar com os Estados Unidos, fazer como fizeram os outros países — disse Ratinho Júnior — Não temos de falar em desdolarizar o comércio. Nem a China ou a Rússia fizeram isso, ninguém tocou neste assunto. É uma falta de inteligência. O Bolsonaro não é mais importante que essa relação comercial entre os Estados Unidos e o Brasil.

Tarcísio declarou que tem tentado negociar por conta própria com aliados americanos. As movimentações feitas por ele, no entanto, provocaram um atrito com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos primeiros dias após o anúncio do tarifaço. O filho do ex-presidente entende que os aliados do pai devem pressionar pelo que chama de "perseguição" do Supremo Tribunal Federal (STF) e pela aprovação do PL da Anistia, e não por uma solução diplomática.

— Estamos conversando, buscando parlamentares americanos, empresas americanas, agentes do governo americano que podem se sensibilizar com o problema. Infelizmente, hoje a gente tá vivendo um momento em que se busca tirar proveito do país, querendo dividir o país — declarou Tarcísio.

No mesmo tom, Caiado criticou a investida do governo em um discurso em prol da soberania nacional, sem consultar governadores afetados pelo tarifaço para formular uma resposta aos EUA.

— Um coisa está bem clara: o Lula não quer resolver o problema. Ao invés de usar a chancelaria brasileira, que era uma das melhores do mundo, fica usando frases de efeito. Ele não tem o menor preparo para o governar o país — disse o governador de Goiás.

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