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Ministro da Agricultura se defende de investigação da PF

O ministro chorou ao dizer que pode ser investigado pela Polícia Federal


	Neri Geller: "posso ser investigado, mas não quero ser achincalhado e não vou ser", disse
 (Wilson Dias/ABr)

Neri Geller: "posso ser investigado, mas não quero ser achincalhado e não vou ser", disse (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2014 às 12h42.

Brasília - O ministro da Agricultura, Neri Geller, negou hoje envolvimento em esquema de grilagem no Estado de Mato Grosso, durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Em pronunciamento de cerca de 15 minutos, o ministro chorou ao dizer que pode ser investigado pela Polícia Federal (PF), mas pede que não seja "achincalhado".

"Posso ser investigado, mas não quero ser achincalhado e não vou ser", disse. "Eu não sou, nunca fui e, se Deus quiser, nunca vou ser malandro", afirmou. Geller foi citado no inquérito da Operação Terra Prometida, deflagrada na quinta-feira (27), pela PF, juntamente com os irmãos Odair e Milton.

Eles são apontados como integrantes do "Grupo Geller", que possuiria entre 15 e 18 lotes obtidos irregularmente no Assentamento Itanhangá/Tapurah, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo o ministro, o Grupo Geller é uma fábrica de pré-moldados de um de seus irmãos e nome de um site criado para divulgar a marca.

"Eu saio na mídia como quadrilheiro, como líder de um grupo organizado e afirmo categoricamente que nunca tive um lote lá (nos assentamentos). Tenho um irmão mais velho que mora no assentamento. Somos 11 irmãos, pode haver um desvio e se tiver é de maior e pode ser punido", disse.

O ministro ressaltou que a PF divulgou nota afirmando que ele não é investigado e criticou a regularização lenta de terras pelo Incra.

"Tem um erro do Estado que vem desde a década de 1980, que é a regularização fundiária. Faz 20 anos que as pessoas estão lá e não têm o título (da terra)", disse.

De acordo com Geller, foram feitas quatro denúncias anônimas contra ele à PF, todas após sua nomeação para a Agricultura.

"A investigação está acontecendo desde 2009. Eu poderia ter sido investigado pela PF e não fui. Eu assumi no dia 17 de março. A primeira denúncia anônima foi feita dia 29 de abril", relatou.

Para se defender, o ministro contou sua trajetória como assentado da reforma agrária na década de 1980 na região de Lucas do Rio Verde (MT), onde disse que sua mãe "mora em uma casa modesta".

Candidato a uma vaga na Câmara em 2010, o ministro declarou patrimônio de cerca de R$ 1,2 milhão à Justiça Eleitoral. Entre os bens apresentados havia dois lotes agrários: um de 726 hectares em Diamantino (MT) e outro de 121 hectares em Nova Mutum (MT).

O ministro é produtor de soja e milho na região, onde também é dono de um posto de gasolina.

"Esse assentamento (Itanhangá) eu conheço. A minha família foi em 1984 para o Mato Grosso; eu primeiro, com 15 anos. Trabalhava para ajudar a sustentar minha família no Rio Grande do Sul. Eu fui para lá por obrigação, porque tinha o sentimento de obrigação para ajudar minha família", contou.

O ministro recebeu "solidariedade" da bancada ruralista, que aproveitou a pauta para cobrar do Incra a regularização fundiária. O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) considerou estranho que denúncia contra Geller tenha surgido após indicação de Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura. O parlamentar gaúcho disse que a denúncia é um "jeito para enxovalhar o nome do ministro" para trocá-lo por indicação política.

O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) também defendeu o ministro, dizendo que vai pedir audiência com a PF e o Incra para tratar da regularização fundiária.

"O Incra e o governo têm sido covardes. No caso de Itanhangá tem terra com 20 anos sem ser legalizada", disse. "São terras ilegais porque o Incra não regulariza. Quem deveria estar preso é funcionário do Incra", disse.

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