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Ministro da Agricultura afasta fiscais da Carne Fraca

As investigações da PF, sobre a liberação de alimentos podres, apontam que o esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários

Ministro: "o que as apurações da PF indicam é um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor", afirmou Blairo (Blairo Maggi/Divulgação)

Ministro: "o que as apurações da PF indicam é um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor", afirmou Blairo (Blairo Maggi/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de março de 2017 às 15h26.

São Paulo - Após a deflagração da Operação Carne Fraca nesta sexta-feira, 17, que revelou um esquema de pagamento de propina a fiscais agropecuários por parte de frigoríficos para liberar alimentos podres, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, anunciou que vai cancelar sua licença de dez dias da Pasta e que já determinou o afastamento imediato de todos os servidores e fiscais envolvidos.

"O que as apurações da Polícia Federal indicam é um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor", afirmou Blairo. Expoente da bancada ruralista, Blairo disse ainda que é preciso separar "o joio do trigo".

"Muitas ações já foram implementadas para corrigir distorções e combater a corrupção e os desvios de conduta, e novas medidas serão tomadas", segue o ministro na nota divulgada em seu perfil oficial no Facebook e no Twitter.

As investigações da PF apontam que o esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio.

Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás "atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público".

A operação desta manhã foi a que envolveu o maior número de agentes da PF na história, cerca de 1100 policiais federais que foram às ruas cumprir 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema. Foram presos executivos da JBS e da BRF, as maiores empresas do setor no País.

As ordens judiciais foram expedidas pela 14.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba/PR e estão sendo cumpridas em 7 Estados - São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.

Defesa

A BRF Foods divulgou nota comentando a operação Carne Fraca. A empresa disse que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos e disse que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos.

A JBS também divulgou nota. "Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação. A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura", diz o texto.

"A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas. (...) A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos - seja na produção e/ou comercialização - e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.

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