Marta Suplicy: “O que interessa, para que os desfiles sejam internacionalizados, é que eles carregam a possibilidade e levar o nosso nome para o mundo", afirmou a ministra da Cultura (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2013 às 16h09.
São Paulo – A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse, novamente, hoje (2), na capital paulista, que a autorização para os estilistas Alexandre Herchcovitch, Pedro Lourenço e Ronaldo Fraga captarem dinheiro com o uso da Lei Rouanet não limita a possibilidade de outros projetos de arte serem beneficiados.
Desta vez a afirmação foi feita durante reunião com entidades que formam o Brasil Fashion System, na sede da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), na qual a Lei Rouanet foi apresentada para que outros profissionais do setor possam inscrever projetos.
Para Marta, incluir a moda nas áreas beneficiadas pela Lei Rouanet é uma forma de dar força àqueles que estão mais fracos e não têm tantas possibilidades de divulgar seu trabalho no exterior. “Eu vejo a moda exatamente desse jeito, apesar de ser uma coisa de luxo, que é e não é. É uma cadeia gigantesca, que vai desde o mais simples, ao mais sofisticado até chegar ao produto final. Isso tem que ser entendido, nós temos que criar a nossa marca Brasil”.
Marta explicou que o governo não patrocinará marcas comerciais e sim beneficiará o setor da moda partindo de quatro eixos para os projetos: internacionalização, tradição brasileira, preservação de acervo e formação de estilistas e pequenos desfiles. “Nós abrimos essas áreas, mas se não pensamos em alguma coisa, estamos abertos a pensar”.
Marta reforçou que todo tipo de patrocínio é justificável desde que divulgue o nome do país e sua cultura para o restante do mundo. “O que interessa, para que os desfiles sejam internacionalizados, é que eles carregam a possibilidade e levar o nosso nome para o mundo. Isso abre caminho para todas as nossas confecções. Temos que nos mostrar mais amplos do que o futebol”.
O secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, Henilton Menezes, observou que a entrada de outros setores na Lei Rouanet – como a gastronomia, o artesanato, design, e a moda -, fortalece e mostra um conceito mais amplo de cultura, fazendo com que as pessoas consigam se enxergar como beneficiados pela lei.
“A lei existe há 22 anos e saímos de um orçamento de R$ 300 milhões em 2003 para R$ 1,7 bilhão. Isso acontece porque a demanda está aumentando, porque vários setores criativos estão entrando no escopo da lei”.
Para o diretor superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel, com o conhecimento da Lei Rouanet pelo setor da moda, é possível ficar mais atento sobre as possibilidades que se abrem de apoio à moda brasileira para todo o setor.
“Essa é uma reivindicação antiga e o agora se deu o começo a esse tipo de suporte e incentivo. Ter um projeto aprovado não significa que ele está concluído, porque depois começa uma das fases mais difíceis que é a captação junto às empresas. Tenho certeza de que todas as empresas terão interesse em participar de tudo o que for formar mais uma imagem forte do estilo brasileiro”.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo, Alfredo Bonduki, destacou que o grande benefício da inclusão da moda na Lei Rouanet está relacionado à imagem do país e de seus produtos fora do Brasil.
“A moda divulga a cultura e a arte do país no exterior. Muitas vezes, quando as pessoas entram em uma loja de uma marca brasileira, estão interessadas não só no produto, mas no jeito brasileiro. Isso faz parte da cultura e não existe divulgação mais saudável para o país do que aquela que é feita por meio da moda”.
Ele observou também que o Brasil é conhecido no exterior como um país de “produção verde” que respeita o meio ambiente. “É importante divulgar isso, principalmente com tantos desastres ambientais observados fora do Brasil. A divulgação das coisas boas que o país tem reforça nossa imagem no exterior”.