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Ministério Público investiga depósito para diretores da CPTM

O MP investiga possível pagamento de propinas durante as fraudes em licitações cometidas pelo cartel do trem denunciada pela empresa alemã Siemens


	Estação da CPTM: diretores da companhia podem ter recebido propina no esquema de cartel nas licitações 
 (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

Estação da CPTM: diretores da companhia podem ter recebido propina no esquema de cartel nas licitações (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2013 às 09h28.

São Paulo - Dois ex-diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) são o principal alvo das investigações sobre possível pagamento de propinas durante as fraudes em licitações cometidas pelo cartel do trem denunciada pela empresa alemã Siemens.

Uma conta bancária na Suíça que recebeu um depósito feito por uma das offshores de propriedade dos consultores Sérgio e Arthur Teixeira é a pista dos promotores.

O depósito de €€181 mil estava na conta em nome de um diretor da CPTM e de sua filha. Uma outra conta seria ligada a outro diretor da empresa e também teria recebido depósitos das offshores Leraway e Gantown, que, por sua vez, mantinham contratos de consultoria com a Siemens no valor de até 5% de cada negócio fechado com governos no Brasil.

Os contratos da alemã com as offshores seriam uma cobertura para justificar o pagamento de propinas para agentes públicos. Cópias desses documentos estão em poder da Polícia Federal, que abriu inquérito na Superintendência de SP para apurar o caso.

Os federais ouviram diretores e ex-diretores da Siemens. Buscam, a exemplo dos promotores do Ministério Público Estadual (MPE), provas de pagamento de propina, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito de agentes públicos.

Documentos obtidos pela reportagem mostram que o cartel denunciado pela Siemens agiu em cinco casos, obtendo contratos com os governos de São Paulo e do Distrito Federal que, somados, chegam a R$ 1,925 bilhão (valores atualizados).

Os papéis mostram que os governos podiam ter economizado até 30% desse total (R$ 557 milhões) caso o esquema não tivesse praticamente eliminado a livre-concorrência.


Suíça

É para obter os dados dessas contas bancárias de forma oficial que os promotores de São Paulo decidiram pedir à Justiça da Suíça os dados cadastrais e mais informações sobre essas movimentações suspeitas. Um dos interessados no caso recorreu da decisão do MPE em uma corte daquele país e, agora, o caso aguarda julgamento.

A suspeita é que o dinheiro tenha sido pago para que o cartel do trem obtivesse um contrato assinado ainda durante a gestão de Mário Covas (PSDB), de 1995 a 2001.

O suposto esquema contrataria o trabalho de consultores - entre eles, as empresas Proscint e Constech - de propriedade dos irmãos Teixeira. A reportagem procurou Arthur, mas foi informado por sua secretária que ele estava viajando - Sérgio já morreu.

Além da movimentação bancária dos diretores, os promotores e a PF têm em mãos documento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no qual os supostos integrantes do cartel do trem se encontram com os irmãos Teixeira a fim de definir o resultado das licitações da CPTM S2100 (reforma de 48 trens) e S3000 (reforma de dez trens).


Os irmãos teriam decidido intervir no caso para resolver um conflito criado por um diretor da Siemens que tentou romper o acordo entre as grande empresas - participavam do cartel nesse caso a Alstom, a CAF, a Mitsui, a Bombardier e Temoinsa.

Ao término do encontro, ficou acertado que a Siemens receberia o contrato S3000 enquanto as demais dividiriam a S2100.

Luxemburgo

A PF apura ainda a ação de outras offshores no caso. Elas teriam como sede Luxemburgo. Uma delas, a Singel, teria como proprietários outras offshores, entre elas a Zupparolo e a Frida, com sedes no Panamá, Uruguai, Cayman e Curaçau.

Por uma conta administrada pela Singel teriam passado € 8 milhões - atualmente, apenas € 16 mil estão na conta. A operação seria mantida por um ex-diretor da Siemens.

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