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Ministério Público apura ação da PM em favela do Rio que deixou 15 mortos

A mãe de uma das vítimas disse que os rapazes foram executados e que não houve troca de tiros e que seu filho morreu a golpes de faca

Fallet: com dois corpos encontrados no domingo (10), subiu para 15 o número de mortos (Pilar Olivares/Reuters)

Fallet: com dois corpos encontrados no domingo (10), subiu para 15 o número de mortos (Pilar Olivares/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 10h13.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro vai acompanhar e dar assistência às famílias dos mortos na comunidade do Fallet, no Rio Comprido, na região central da cidade, na última sexta-feira (8).

A operação do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais, tropas de elite da Polícia Militar (PM) estendeu-se a comunidades vizinhas, como Coroa e Fogueteiro, no mesmo bairro, e também ao Morro dos Prazeres, em Santa Teresa.

Com dois corpos encontrados no domingo (10), subiu para 15 o número de mortos.

A mãe de uma das vítimas, Tatiana Antunes de Carvalho, esteve no Ministério Público do Rio pedindo ajuda. Tatiana disse que os rapazes foram executados e que não houve troca de tiros e que seu filho morreu a golpes de faca, sem levar nenhum tiro.

"Eles mataram todo mundo. Barbarizaram a comunidade à toa, à toa. Eles são assassinos. Não foi só o meu filho, não. Eu preciso de Justiça, meu Deus. Eles mataram meu filho de faca. Eles são covardes", afirmou Tatiana, que é mãe de Felipe Guilherme Antunes, de 21 anos, e tia de Enzo Carvalho, também vítima da ação policial.

Com o atestado de óbito do filho na mão, Tatiana foi taxativa: "eles não pegaram o menino com nada. Não importa o que eles eram. Eles [os policiais] tinham que prender. Meu filho não tinha um tiro. Não teve trocação de tiro nenhuma. Meu filho morreu a facada. Quebraram o crânio dele, quebraram o pescoço do meu filho. Eles não têm direito de chegar na comunidade e fazer o que eles fizeram. Eles não tinham mandado nenhum para sair matando. Eu vou até o final. Não vou me calar", desabafou Tatiana.

Ação

Após uma informação recebida pelo Disque-Denúncia, de que vários criminosos estavam escondidos em uma casa na Rua Eliseu Visconti, no Morro do Fallet, policiais do Batalhão de Choque cercaram a residência e invadiram o local.

Na casa, estavam 20 jovens, alguns deles menores de idade. De acordo com a Polícia Militar, 13 foram mortos no confronto, e alguns conseguiram escapar.

Os corpos das vítimas foram levados em um carro aberto do Batalhão de Choque para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da cidade.

Os médicos de plantão disseram que 13 jovens já chegaram sem vida ao hospital. Dois foram levados feridos e operados na unidade de saúde e permanecem internados.

Em nota, a PM informou que os jovens que estavam na casa "reagiram à voz de prisão" e atiraram contra os militares.

No confronto, "13 bandidos ficaram feridos e foram levados para o Hospital Municipal Souza Aguiar, na região central da cidade", diz o texto.

"Desde a madrugada, as equipes policiais atuam nas comunidades devido a tiroteios na região, provocados por disputa entre grupos criminosos. A partir de denúncias e informações do Setor de Inteligência, foi feita uma varredura em alguns pontos da comunidade do Fallet, nesta manhã. Policiais do Choque foram recebidos a tiros e houve confronto. Após cessarem os disparos, dez criminosos feridos foram encontrados em vias da comunidade e foram socorridos para o Hospital Municipal Souza Aguiar", informou a assessoria da Polícia Militar.

Em Santa Teresa, no Morro dos Prazeres, a PM informou que policiais do Bope apreenderam duas pistolas automáticas, dois rádios comunicadores e um aparelho telefônico após confronto com criminosos.

Duas pessoas encontradas feridas foram levadas pela PM também para o Hospital Souza Aguiar.

Defensoria Pública

Nesta quarta-feira (12), às 14h, representantes da Defensoria Pública do Estado participam de encontro, na Associação de Moradores do Fallet, com parentes das vítimas e testemunhas da ação da PM para tomar conhecimento de todos os detalhes das mortes na comunidade e avaliar as medidas de assistência que serão tomadas.

O ouvidor-geral da Defensoria Pública, Pedro Strozenberg, disse que três defensores públicos irão à comunidade amanhã para ouvir moradores e parentes dos mortos e ter a dimensão do que ocorreu, saber se realmente houve confronto com os militares.

Nenhuma das informações é conclusivas. Segundo Strozenberg, "na casa estariam 20 rapazes, sendo que nove morreram e 11 conseguiram fugir, mas foram pegos depois do lado de fora. A polícia diz que houve troca de tiros, e os criminosos reagiram e ocorreram as mortes. Nós vamos lá tomar conhecimento se seria evitável esse número de mortos".

Os moradores encontraram neste domingo (10) na mata, mortos a tiros, os corpos de Matheus Lima Diniz, de 22 anos, e Michel da Conceição de Souza, de 20, aumentado para 15 o número de mortos na ação.

Eles disseram que os dois rapazes foram presos na sexta-feira e estavam desaparecidos.

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