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Ministério nega atraso de remédios a vítimas de Santa Maria

Mortes de vítimas hospitalizadas não estariam ligadas à falta da medicação trazida dos EUA, afirmaram autoridades

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2013 às 19h00.

O Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul negaram nesta terça-feira demora na aplicação de hidroxicobalamina, medicamento trazido dos Estados Unidos para o tratamento dos pacientes intoxicados por cianeto na boate Kiss, de Santa Maria.

Segundo as autoridades de saúde, as quatro mortes de vítimas da tragédia que aconteceram em hospitais do Estado nos dias seguintes ao incêndio não têm relação com o não uso da medicação.

Nesta terça-feira, o número de mortos no incêndio chegou a 238, com a morte de um jovem de 20 anos que estava internado em Porto Alegre. A Secretaria de Saúde informou, sem dar mais detalhes, que ele morreu em decorrência dos ferimentos provocados pelo incêndio.

A maioria das mortes na boate, que estava lotada de jovens em idade universitária, aconteceu por inalação de cianeto liberado pela queima do revestimento acústico do estabelecimento.

O superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, Carlos Eduardo Nery Paes, que representa o Ministério da Saúde, afirmou que "esse não é o melhor momento" para discutir se a medicação deveria ou não ter sido aplicada antes, para não causar dúvida entre as famílias.

Segundo o médico, não há um consenso definitivo sobre o prazo indicado para que a hidroxicobalamina surta efeito após a inalação do cianeto. Ele destacou a agilidade das autoridades de saúde para trazer o medicamento dos Estados Unidos menos de 48 horas depois da indicação médica, o que ocorreu na quinta-feira.

"Quando houve a indicação, por parte do primeiro profissional, da utilização desse medicamento, imediatamente o Ministério da Saúde, em conjunto com o Itamaraty, viabilizou a aquisição, o transporte, a distribuição e a aplicação, de forma que em menos de 48 horas já tínhamos esses medicamentos disponíveis dentro dos hospitais", afirmou Paes, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira.


O medicamento, que foi doado pelo governo norte-americano, chegou no sábado ao Rio Grande do Sul e já foi aplicado, até o momento, em 35 pacientes cujo exame de sangue indicou a necessidade de hidroxicobalamina para o tratamento da intoxicação.

CATÁSTROFE SOBRE CATÁSTROFE

De acordo bom boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, foram registradas 11 altas de vítimas do incêndio nas últimas 24 horas, mas 81 pacientes ainda estão internados, sendo que 23 deles permanecem respirando com ajuda de aparelhos e estão em estado grave.

"Temos uma progressão acentuada do número de pacientes que estão saindo da respiração assistida, que estão saindo dos próprios hospitais, que estão saindo da UTI para as enfermarias, mas ainda existem pacientes muito graves", afirmou o secretário estadual de Saúde, Ciro Simoni.

De acordo com o secretário, "em torno de dez" pacientes estão internados com queimaduras de diferentes graus.

Simoni disse também que nesta semana será montada uma estrutura no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) para atender pessoas que eventualmente precisem de cuidados médicos novamente.

A ideia é que a estrutura funcione por um período mínimo de dois anos, incluindo atenção à saúde mental. De acordo com o secretário, três pessoas tiveram de ser internadas devido ao risco de suicídio.

Também nesta terça-feira, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) enviou alerta aos médicos do Rio Grande do Sul sobre o risco de aumento de derrames e infartos na região de Santa Maria devido ao aumento de estresse por parte de sobreviventes, familiares das vítimas e envolvidos nos trabalhos de resgate.

"Todas as vezes que teve uma grande catástrofe ou um grande atentado, foi visto que aumentou muito o risco de doenças cardiovasculares nas pessoas direta ou indiretamente envolvidas", disse o coordenador do Comitê de Cuidados Cardiovasculares de Emergências e Ressuscitação da SBC, Sérgio Timerman.

"Você pode ter uma catástrofe em cima de uma outra catástrofe que você teve", acrescentou.

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