Brasil

Minhocão: tirar veículos reduziria poluição sonora pela metade, diz estudo

Estudo feito em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) mostrou que o local é um dos pontos mais ruidosos de São Paulo (SP)

MINHOCÃO: o elevado, a avenida 23 de Maio e a avenida 9 de Julho foram alguns dos pontos mais ruidosos identificados na cidade de São Paulo (SP) (Germano Lüders/Exame)

MINHOCÃO: o elevado, a avenida 23 de Maio e a avenida 9 de Julho foram alguns dos pontos mais ruidosos identificados na cidade de São Paulo (SP) (Germano Lüders/Exame)

AB

Agência Brasil

Publicado em 4 de maio de 2019 às 11h15.

Última atualização em 4 de maio de 2019 às 11h18.

A ausência de veículos no Elevado Presidente João Goulart, conhecido como Minhocão, na região central de São Paulo, poderia reduzir pela metade a percepção de ruído para moradores locais, de acordo com levantamento da Associação Brasileira Para a Qualidade Acústica (ProAcústica), em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).

O estudo, que abrange o trecho do Minhocão entre a Praça Roosevelt e o Largo do Arouche, estimou uma redução de até 10 dB (decibéis) em alguns imóveis que têm a fachada para o elevado.

Segundo a ProAcústica, em termos de sensação para o ser humano, 10 dB a menos equivalem a reduzir pela metade a percepção do volume sonoro.

Com o viaduto em operação, os níveis sonoros nos edifícios ficaram entre 69 e 76 dB, enquanto que interditado para tráfego de veículos, apenas com o fluxo existente na rua Amaral Gurgel - que fica embaixo do Minhocão -, o nível sonoro caiu valores entre 59 e 70 dB.

A associação ressalta que os resultados finais em relação à redução dos níveis sonoros dependerão das estratégias de redução do ruído adotadas.

"A OMS [Organização Mundial da Saúde] tem um nível recomendável. O ruído de trânsito global pode chegar até 55 dB. Para a saúde, o que mais conta é a constância, é o incômodo permanente que vai dia a dia prejudicando e você só percebe ao longo do tempo o quanto isso pode te prejudicar, causando insônia, stress, incômodo. Pode até causa doenças, como potencializar infartos, e isso já é comprovado pela OMS, há vários estudos internacionais que comprovam isso", disse Priscila Wunderlich, gerente técnica da ProAcústica.

Existem técnicas que podem ajudar a reduzir os ruídos nas residências. Algumas possibilidades seriam a inserção de materiais fonoabsorventes sob o Minhocão, a inserção de túneis acústicos, mudança do asfalto da via e proibição de buzinas no local.

Janela acústica pode ser uma boa solução

"Nas residências, a janela acústica pode ser uma boa solução. As cidades devem partir para políticas públicas. O primeiro passo é identificar as avenidas e locais da cidade mais ruidosos e, a partir daí, fazer planos de ação", disse Priscila.

"Por exemplo, asfalto é um determinante, dependendo da qualidade do asfalto pode influenciar bastante no ruído; diminuir a velocidade das ruas é um possível mitigador; outro fator é partir para frota de veículos elétricos, os ônibus elétricos reduziriam bastante [o barulho]", acrescentou.

A estimativa de ruídos no Minhocão faz parte do Mapa de Ruído Urbano da Operação Urbana Centro, lançado no dia 24 de abril deste ano, no Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído (INAD 2019).

O mapa abrange, no geral, uma área de 6,6 quilômetros quadrados (km2), incluindo o centro velho, o novo e regiões históricas da região central da cidade de São Paulo.

Com esse mapa, foi possível constatar os pontos mais ruidosos. A partir do diagnóstico, a prefeitura paulistana pode elaborar políticas de redução de ruídos. O Minhocão, a avenida 23 de Maio e a avenida 9 de Julho foram alguns dos pontos mais ruidosos identificados no mapa.

Acompanhe tudo sobre:Bruno CovasPoluiçãosao-paulo

Mais de Brasil

STF forma maioria para manter prisão de Robinho

Reforma Tributária: pedido de benefícios é normal, mas PEC vetou novos setores, diz Eurico Santi

Ex-vice presidente da Caixa é demitido por justa causa por assédio sexual