Desde o início do ano, 820 venezuelanos foram transferidos para outras cidades do país, incluindo São Paulo e Manaus (Nacho Doce/Reuters)
AFP
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 10h14.
Última atualização em 22 de agosto de 2018 às 10h15.
O governo federal anunciou nesta terça-feira que mais de mil venezuelanos que permanecem no estado de Roraima serão distribuídos por outras cidades do Brasil, após incidentes envolvendo imigrantes na cidade de Pacaraima.
Em declarações na cidade de Boa Vista, Viviane Esse, representante da Casa Civil, explicou que o "processo de interiorização" dos imigrantes venezuelanos começará no final de agosto, sem precisar as cidades de destino.
Viviane Esse integrou a comissão interministerial que visitou nesta terça-feira Pacaraima, onde no sábado moradores locais atacaram refugiados venezuelanos.
Enquanto a comissão visitava instalações de acolhida, situadas a poucos metros da fronteira, venezuelanos continuavam entrando no Brasil, a pé ou de automóvel.
Como Miguel Ángel García, muitos que fugiram do Brasil após os incidentes em Pacaraima acabaram voltando a Roraima.
"Tenho quatro filhos na Venezuela. Me faltam cinco dedos no pé esquerdo. Vim ao Brasil para dar um futuro para os meus filhos, e não para roubar. Os agressores não se importaram com a minha perna doente, tive que correr", revelou o caminhoneiro de 38 anos.
Passado o perigo, García decidiu voltar e empreender, pela segunda vez, a peregrinação para obter sua caderneta de vacinas e o protocolo de pedido de refúgio, indispensáveis para uma nova vida no Brasil.
"Queimaram toda a minha roupa, minha barraca, tudo. Estou dormindo ao relento...", se desespera o caminhoneiro.
Desde o início do ano, 820 venezuelanos foram transferidos para outras cidades do país, incluindo São Paulo e Manaus, como parte do plano do governo para desafogar Roraima.
Após os ataques de sábado em Paracaima, deflagrados por uma suposta agressão a um comerciante local por assaltantes venezuelanos, cerca de 1.200 imigrantes retornaram ao seu país.
Desde então, é tensa a situação nas ruas da cidade de 12 mil habitantes, vizinha à venezuelana Santa Elena de Uairén.
Nesta terça-feira chegaram à região 60 dos 120 homens da Força Nacional enviados pelo governo federal.