Microcefalia: no começo de novembro, o Ministério da Saúde decretou emergência em saúde pública por causa da gravidade da situação (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2015 às 10h55.
Em 2015 uma doença que parecia quase inofensiva passou a ser vista com grande medo pela população brasileira, principalmente pelas grávidas.
A infecção causada pelo vírus Zika durante a gravidez, pela primeira vez na história da medicina, foi relacionada com o nascimento de crianças com microcefalia, uma malformação cerebral irreversível.
Quando a relação entre o vírus Zika e a microcefalia ainda estava em investigação, o Ministério da Saúde chegou a alertar as mulheres sobre os riscos da doença para gestantes, por causa do aumento inesperado do nascimento de crianças microcéfalas.
Até então, o Zika só tinha sido registrada em aldeias africanas ou em pequenos grupos fora do continente e pouco se sabia sobre a doença.
No começo de novembro, o Ministério da Saúde decretou emergência em saúde pública por causa da gravidade da situação.
As suspeitas de que o vírus, que começou a circular no país ano passado, era o causador do grande númer de crianças com microcefalia eram fortes. No dia 28 de novembro veio a confirmação.
A situação foi classificada pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, como "a maior calamidade que o país viveu nos últimos tempos”.
No dia cinco de dezembro, o governo federal lançou um plano nacional de combate ao mosquito transmissor do Zika, o Aedes aegypti, que também causa a dengue e a febre chikungunya, e de atenção aos bebês com microcefalia.
Tudo relacionado à doença está em investigação: formas de transmissão, sequelas e complicações.
Enquanto isso, mais notícias sobre a presença do vírus no sêmen e no leite materno, reforçam a convicção do Ministério da Saúde de que o Zika é transmitido pelo Aedes aegypti, assim como a dengue e a febre chikungunya.
O ministério também tranquiliza as lactantes e diz que podem continuar amamentando normalmente, mesmo as que tiveram a doença.
Gestantes de vários estados do país ficaram preocupadas com a relação entre o Zika e a microcefalia.
Muitas deixaram de viajar para o Nordeste, região que concentrou o maior número de casos de microcefalia e de Zika, e muitas mulheres adiaram planos de engravidar, com receio de que seus filhos pudessem nascer com a saúde comprometida.
Ao mesmo tempo, surgem nas redes sociais vários boatos sobre a transmissão do vírus Zika e o aumento de crianças nascidas microcéfalas.
Um deles, desmentido pelo Ministério da Saúde, dizia que um lote vencido de vacinas na Região Nordeste provocou a malformação das crianças.
O fato é que muito pouco se sabe sobre a doença e tudo está em investigação por cientistas.
O boletim mais recente do Ministério da Saúde indica que, até o dia 26 de dezembro, foram notificados 2.975 casos de recém nascidos com suspeita de terem microcefalia relacionada ao Zika, distribuídos por 656 municípios de 20 unidades da Federação.
Microcefalia
A microcefalia não é uma malformação nova, ela é sintoma de algum problema no organismo da gestante ou do bebê e pode ter diversas origens como, por exemplo, infecção por toxoplasmose, pelo citomegalovírus e, como recentemente confirmado, também pelo vírus Zika.
O uso de álcool e drogas durante a gravidez também pode causar esta condição.
Há também crianças que, durante a formação no ventre da mãe, já tem predisposição genética para nascerem microcéfalas. Estas são as que têm menos comprometimentos associados à malformação.
Nos outros casos podem ocorrer danos mentais, na visão, na audição e em outros órgãos.
A característica central da microcefalia, como o próprio nome sugere, é a cabeça pequena, ou seja, o bebê nasce com o perímetro cefálico menor que o da maioria.
O diagnóstico inicial é feito com uma trena, com a qual se faz a medida do contorno da região logo acima dos olhinhos.
Um novo protocolo do Ministério da Saúde, lançado no dia 14 de dezembro, recomenda que se o perímetro for igual a 33 centímetros ou menor a criança deve fazer uma ultrassonografia no local da cabecinha conhecido como moleira.
Se o resultado deste exame der indícios de que o crânio está selado, a criança deve passar por uma tomografia.
O documento também preconiza exames que detectem comprometimento auditivo e visual, que também podem estar associados à microcefalia.
O acompanhamento de crianças com a malformação do nascimento até os três anos de idade também é determinado pelo protocolo.
Quanto mais cedo as crianças começarem o tratamento, melhor o desenvolvimento.