Michel Temer (Ueslei Marcelino/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 18 de maio de 2017 às 16h10.
Última atualização em 18 de maio de 2017 às 16h48.
São Paulo - O presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira em pronunciamento em rede nacional (18) que não irá renunciar depois de depoimento do empresário Joesley Batista, um dos controladores do grupo J&F, cujo conteúdo foi divulgado na noite de ontem pelo jornal O Globo. (LEIA: “Não renunciarei, sei da correção dos meus atos”, diz Temer)
No início da tarde de hoje (18), o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), abriu um inquérito contra o presidente a pedido da Procuradoria-Geral da República.
Os donos da JBS, Joesley Batista e seu irmão Wesley Batista, gravaram uma conversa em que o presidente Michel Temer supostamente dá aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato.
Leia a íntegra do pronunciamento:
"Ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira e uma declaração ao país. Desde logo ressalto que só falo agora sobre fatos que se deram ontem porque tentei conhecer, primeiramente, o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente ao Supremo Tribunal Federal acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui.
Quero deixar muito claro dizendo que o meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno do crescimento da economia e os dados de geração de empregos criaram esperança de dias melhores. Otimismo retornava e as reformas avançam no Congresso Nacional.
Ontem, contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada. Portanto todo o imenso esforço de retirar o país de sua recessão pode se tornar inútil. E nós não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do país.
Ouvi, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com ex-deputado. auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse e somente tive conhecimento deste fato nessa conversa pedida pelo empresário.
Repito e ressalto: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém.
Por uma razão singelíssima, exata e precisamente, porque não temo nenhuma delação. Não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos. E nunca autorizei por isso mesmo que utilizasse o meu nome indevidamente.
E, por isso, quero registrar enfaticamente a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território onde surgirão todas as explicações. E, no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos.
Não renunciarei! Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade e de dúvida, não pode existir por muito tempo.
Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a essas investigações. Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso, senhoras e senhores, é com o Brasil. E é somente este compromisso que me guiará.
Muito obrigado e muito boa tarde a todos"