Brasil

Metrô vive crise pós-pandemia com queda de arrecadação e passageiros

Segundo relatório interno, companhia fechou 2022 com prejuízo de R$ 1,16 bi; custo com pessoal teve alta de 14,5%, enquanto o nº de usuários não voltou ao nível pré-covid

O ano passado também terminou com menos passageiros transportados pelo Metrô ante o patamar de 2019 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O ano passado também terminou com menos passageiros transportados pelo Metrô ante o patamar de 2019 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 27 de março de 2023 às 09h58.

Com movimento ainda abaixo dos níveis pré-pandemia, a Companhia do Metropolitano do Estado de São Paulo (Metrô) tem amargado resultados financeiros negativos. Segundo relatório interno, a companhia terminou 2022 com prejuízo de R$ 1,16 bilhão e uma taxa de cobertura (relação entre receitas e gastos) de 83%. Ou seja, arrecadou menos do que o necessário para saldar as despesas. O ano passado também terminou com menos passageiros transportados pelo Metrô ante o patamar de 2019. No ano anterior ao início da pandemia, foram pouco mais de 1 bilhão de passageiros. Já em 2022, foram só 794 milhões de passageiros.

Essa queda teve impacto direto nos resultados financeiros da companhia, que enfrentou crise esta semana com a greve dos metroviários. Após despencar de R$ 2,9 bilhões para R$ 1,5 bilhão, entre 2019 e 2020, a receita operacional bruta da companhia se recuperou só parcialmente e fechou o ano passado em R$ 2,2 bilhões. Para uma empresa que depende fundamentalmente da arrecadação da tarifa, o veto à circulação de pessoas e a retração econômica tiveram impactos diretos. O prejuízo de R$ 1,16 bilhão representa aumento de 53,9% em relação a 2021, quando registrou déficit de R$ 759 milhões. Além disso, a tarifa de R$ 4,40 não tem reajuste desde 2020.

A retração seguida da recuperação lenta e que não alcança o patamar pré-covid é uma realidade que se estende ao transporte sobre trilhos de todo o País, segundo o presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores. "No auge da pandemia perdemos até 80% dos passageiros, praticamente 80% da receita, e mantivemos o serviço com os mesmos custos", afirma. "Em todo o País, a demanda hoje é de 75% do que era antes." Entre as causas, diz Flores, estão o trabalho híbrido e remoto e a perda de renda.

Desempregados têm direito à isenção na tarifa por até três meses. Esses valores que a companhia deixa de arrecadar com essa e outras isenções são subsidiados pelo governo do Estado.

O subsídio, ainda que indireto, acaba sendo necessário para a operação regular do transporte público. "Em São Paulo, uma passagem custa aos cofres do Estado e o serviço é o mais próximo que há no Brasil ao das grandes cidades do mundo", diz Flores. "É um serviço de utilidade pública, então vai ter dinheiro do Estado."

Segundo o Metrô, para sustentar a operação, cobrindo os prejuízos decorrentes da queda de arrecadação, o governo de São Paulo injetou R$1,6 bilhão na operação somente em 2020 e mais de R$ 700 milhões em 2021. "Além disso, as empresas adotaram medidas para reduzir despesas gerais, bem como prospectar novos recursos com a geração de receitas não tarifárias", diz a empresa.

De acordo com o relatório interno, os custos com pessoal tiveram alta de 14,5%, alcançando R$ 1,7 milhão, no ano passado, ante R$ 1,5 milhão em 2021 - principalmente pelo dissídio coletivo de 12,26% aplicado a partir de maio e aos custos associados ao desligamento de 365 funcionários.

'Dificuldades financeiras'

Procurado, o Metrô afirma que "durante a pandemia, os transportes metropolitanos passaram por dificuldades financeiras que foram enfrentadas mundialmente por todos os modais".

A companhia diz ainda que "a demanda chegou a cair 80% se comparada a um dia normal em Metrô, CPTM e EMTU, que pré-pandemia transportavam 10,5 milhões de passageiros/dia". Para cobrir o déficit, o Metrô fez em 2022 levantamento de R$ 400 milhões em debêntures.

As estratégias recentes para diversificação de receitas incluíram até a venda de naming rights das estações para empresas. No metrô paulista, parte da rede tem gestão privada, caso da Linha 4- Amarela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Metrô de São Paulo

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP