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Metrô do DF limitou disputa, diz CGU

Relatório da CGU diz que o Governo do DF prejudicou a concorrência de empresas em uma licitação de R$ 328 milhões para a compra de 12 trens, em 2008

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 11h08.

Brasília - Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) diz que o Governo do Distrito Federal (GDF) prejudicou a concorrência de empresas em uma licitação de R$ 328 milhões para a compra de 12 trens para o metrô de Brasília, em 2008. Para o órgão federal, a gestão do então governador José Roberto Arruda deveria ter adiado a conclusão do processo, a fim de permitir a participação de outras duas empresas.

Na ocasião, a Companhia do Metropolitano do DF negou o pedido de duas participantes da licitação - a alemã Siemens e a espanhola CAF - para prorrogar em 60 dias a entrega de suas propostas. A francesa Alstom fez sua oferta sozinha ao governo de Arruda, cassado em 2010 após o escândalo do mensalão do DEM.

Com a negativa da estatal, a Alstom participou sozinha do julgamento das propostas, assinando com o DF contrato de R$ 325 milhões, com 1% de desconto sobre o preço de referência.

A CGU fez auditorias para investigar eventuais irregularidades no uso de recursos federais transferidos ao GDF, inclusive ao metrô, após a Polícia Federal levantar suspeitas de desvios na Operação Caixa de Pandora. Em análise concluída em junho de 2011, concluiu que houve limites à disputa entre empresas.

"Como o mercado de fornecimento de trens é bastante restrito, entendemos que, caso o Metrô/DF deferisse a solicitação das citadas empresas, o certame poderia ter apresentado um maior grau de competitividade", diz o relatório.

Os prazos para a entrega de propostas estavam previstos no edital da licitação. A CAF e a Siemens pediram o adiamento por causa da "alta complexidade técnica inerente ao objeto da licitação e da consequente dificuldade de elaborar uma proposta compatível com os requisitos exigidos pelo governo". Além disso, a CAF alegou que a conjuntura econômica em 2008 dificultava as negociações com fornecedores, necessárias para formular um projeto.

O GDF explicou à CGU que, no caso da CAF, o adiamento impossibilitaria a entrega do primeiro trem em abril de 2010, conforme previsto, num contexto em que o aumento de capacidade era urgente, por causa da expansão de linhas. O pedido da Siemens nem foi considerado, pois, segundo o governo, foi entregue fora do prazo.


Leniência

A Siemens é investigada por fazer conluio com concorrentes na disputa de contratos metroviários no Brasil. Para se livrar de sanções por práticas anticoncorrenciais, fez acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, dando informações sobre a suposta atuação do esquema em São Paulo e Brasília.

O Ministério Público do DF apura suposto acerto fraudulento entre a Siemens e a Alstom em concorrências do metrô da capital federal e na execução de contratos. A Promotoria deve analisar as informações levantadas pelo Cade.

À CGU, o Metrô-DF informou que, embora contrariadas, nenhuma das duas empresas apresentou recurso ou tentou impugnar o edital. Também não houve reclamação na Justiça, o que abriu caminho para o êxito da Alstom. Além do fornecimento dos trens, com quatro carros cada, o contrato inclui a implantação de sistemas, o fornecimento de peças e o treinamento de pessoal.

Dos R$ 325 milhões, R$ 260 milhões são financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O contrato vale até maio de 2014 - R$ 305 milhões foram pagos. Segundo o GDF, o fornecimento de trens foi concluído, faltando "testes finais e garantia".

O Metrô-DF informou ontem (23) que a decisão foi tomada pela comissão responsável pela licitação na época, com base nos prazos do edital. Em nota, disse não concordar que a competição foi frustrada, pois "as concorrentes tiveram o mesmo prazo, de forma isonômica".

Segundo a estatal, por causa de atrasos no cumprimento de prazos, foram aplicadas multas de R$ 6 milhões à Alstom. Aditivos reduziram os valores contratuais em R$ 16,5 milhões.

O Estado não conseguiu contato com a assessoria de Arruda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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