Mosquito Aedes aegypti (Thinkstock/AbelBrata)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2016 às 08h45.
Brasília - Diante da constatação de que não conseguiria cumprir a meta de visitar todas as casas brasileiras até o fim de janeiro, em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti, o governo decidiu adiar o prazo.
Agentes de saúde e militares das Forças Armadas terão até o fim de fevereiro para cumprir o compromisso, assumido no fim do ano passado e considerado crucial para tentar evitar que o País enfrente no verão uma tríplice epidemia de dengue, chikungunya e zika.
As ações também tentam conter o avanço da microcefalia, uma má-formação congênita que em 90% dos casos provoca deficiência mental. A doença, que até meados do ano passado era considerada rara, aumentou de forma expressiva, sobretudo nos Estados do Nordeste. Uma das hipóteses dos pesquisadores e do próprio Ministério da Saúde é de que o aumento é causado pela infecção do zika da mãe para o bebê, ainda no período de gestação.
O anúncio da prorrogação ocorreu um dia depois de uma reunião de emergência, convocada pela presidente Dilma Rousseff para discutir as ações de combate ao vetor. Descontente com o trabalho, ela cobrou da equipe reforço nas atividades. "Não foi uma reunião de emergência, muito menos de bronca", desconversou o secretário executivo substituto do Ministério da Saúde, Neilton Oliveira. "Mas de acompanhamento", completou. Ainda assim, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, iniciou ontem, no município do Crato, no Ceará, uma caravana de mobilização que deverá se estender pelo Nordeste.
Balanço inicial
De 1.º de janeiro até ontem, equipes conseguiram fazer 7,4 milhões de visitas no País para a eliminação de criadouros - o equivalente a 15,2% da marca que havia sido fixada pelo governo.
O atraso é atribuído às dificuldades de se implementar nos Estados salas para controle das ações. Mesmo em ritmo lento, a realidade encontrada pelas equipes é bastante preocupante. Os índices de infestação nos locais visitados é de 3% (225 mil residências), marca tradicionalmente classificada como "situação de alerta" para surtos. A meta do governo é reduzir os índices de infestação para menos de 1%.
"Se visitarmos todas as casas até o fim de fevereiro e encontrarmos índices superiores a essa marca no fim do período, certamente vamos continuar a fazer o trabalho, até os números baixarem", disse Oliveira.
Para o chefe da Sala Nacional de Coordenação e Controle do Aedes aegypti, Marcus Quito, é essencial que a meta seja alcançada, sobretudo diante da tendência, identificada nos últimos meses, de aumento de casos de dengue. Como informou o Estado, o número de casos da doença vem aumentando de forma expressiva nos últimos meses, um indicador de que o mosquito está em atividade e, portanto, de que há um risco concreto de expansão de casos de zika, vírus que chegou ao Brasil apenas no ano passado, mas que está associado a casos de má-formação congênita e problemas neurológicos.
Por Estados
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que a maior taxa de visitação de agentes de saúde ocorreu na Paraíba, com 49,29% das casas vistoriadas.
Em seguida, vem o Rio, com 30,15% dos domicílios visitados. Em São Paulo, equipes vistoriaram 17,17%. "Nosso principal foco agora é intensificar as ações", disse Quito. Um grupo de 115 municípios considerados prioritários deverá ser monitorado mais de perto. As cidades foram escolhidas de acordo com critérios populacionais e de circulação do vírus. Oliveira afirmou que mesmo imóveis fechados serão visitados. De acordo com ele, cada Estado discute mecanismos legais de acesso aos imóveis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.